Muitos conhecem o personagem "Homem de Ferro", super-herói fictício das histórias em quadrinhos que virou filme de sucesso. Ele retrata um universo em que a tecnologia integra literalmente o homem, tomando decisões inteligentes e estratégicas. O conceito já é utilizado há muito tempo nos desenhos animados: desde os "Os Jetsons", da década de 60, em que uma família vivia numa cidade de carros voadores, cidades suspensas e até contratando robôs como criados.
Neste mês de março aconteceu na Alemanha o CeBIT Hannover, uma das maiores feiras de tecnologia da Europa. O que parecia possível apenas na imaginação torna-se realidade no mercado mais rápido do que poderíamos supor. Muitos países já passaram da fase dos "Jetsons", em que as soluções eram desenvolvidas apenas para gerar conforto, e já estão entrando no mundo do "Homem de Ferro", com dispositivos feitos para revolucionar de fato o tempo em que vivemos e o futuro das próximas gerações.
Mas lá fora, isso já é possível graças a muito esforço governamental. A presença da chanceler e anfitriã alemã Angela Merkel e do primeiro ministro inglês David Cameron, representando o país convidado na abertura da CeBIT, foi legendária ao mostrar como pesquisa e desenvolvimento de tecnologia estão na pauta para estes dois países. Juntos, eles discutiram uma parceria para desenvolver a conexão 5G, baseada no conceito de "Internet das Coisas" e que busca a conectividade em qualquer aparelho eletrônico.
Enquanto isso, no Brasil o 4G ainda busca se estabelecer nos grandes centros. Os dados realmente mostram o atraso: a última Pesquisa de Inovação (PINTEC), realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em 2011, aponta que os investimentos em atividades de Pesquisa e Desenvolvimento do Brasil giraram em torno de R$ 24,2 bilhões, representando apenas 0,59% do PIB nacional. O número é baixo se comparado com a representatividade do setor no PIB norte-americano (1,83%), da Zona do Euro (1,34%) e da China (1,39%), no mesmo período.
As possibilidades estudadas para as novas tecnologias ultrapassam os limites da imaginação humana. A ideia de elaborar um carro conectado à Internet não é apenas para baixar mapas e rotas. O desenvolvimento é voltado para que as máquinas "conversem" a fim de melhorar o tráfego nos centros urbanos. As discussões de robótica no CeBIT não envolviam mais a construção de robôs; agora a proposta é que consigam interagir com os seres humanos.
As possibilidades são grandes também para o e-commerce. A evolução tecnológica pode permitir novas oportunidades de negócios. O pequeno empresário terá cada vez mais facilidades para colocar sua loja na web e alcançar um público maior com plataformas mais simples e eficazes. Aliás, a própria logística poderá passar por mudanças radicais. Com o avanço da nuvem e das impressoras 3D, o e-consumidor pode adquirir um produto qualquer, como tênis, próteses, roupas ou até mesmo chocolates, apenas através do envio de um arquivo para que o próprio usuário possa imprimir e montá-lo na sua casa, no mesmo ato da compra. Já existem inclusive estudos adiantados sobre o uso da tecnologia na fabricação de carros.
Veículos inteligentes, robôs que interagem com humanos e tecnologias cada vez mais integradas e inerentes à nossa vida. O CeBIT Hannover mostrou que o mundo fictício dos "Jetsons" e do "Homem de Ferro" está se aproximando ou até mesmo ultrapassando a realidade.
Ricardo Ramos, CEO da Precifica