Uma transformação silenciosa — mas profunda — está em curso no coração das empresas: a integração entre sistemas de gestão e serviços financeiros. O que antes eram universos separados, operados por áreas diferentes, agora começa a se fundir num novo modelo, em que ERPs, CRMs e plataformas de gestão se tornam canais diretos de pagamento, crédito, conciliação e fluxo de caixa.
Essa revolução invisível está remodelando o funcionamento do B2B. Em vez de operar por meio de bancos ou intermediários financeiros, as empresas começam a concentrar toda a jornada de uma transação dentro dos próprios sistemas que já utilizam para gerir compras, estoques e fornecedores. O ERP está virando banco; o banco, API.
Esse movimento responde a uma necessidade real de eficiência, segurança e controle. À medida que o mercado de pagamentos corporativos cresce — com projeções globais apontando para mais de US$135 trilhões em transações até 2025 —, aumenta também a pressão por soluções mais ágeis e integradas. O mercado brasileiro, por sua vez, já se aproxima da marca de R$1 trilhão em pagamentos B2B, o que reforça a urgência de digitalização nesse segmento.
A mudança de comportamento do consumidor também influencia o ambiente corporativo. Se, no varejo, a experiência de pagamento pode determinar a fidelidade do cliente, nas empresas o mesmo vale para a fluidez dos processos internos. Agilidade, rastreabilidade e transparência financeira tornaram-se expectativas padrão — não apenas vantagens competitivas.
Nesse contexto, ferramentas como cartões virtuais corporativos (VCNs), gateways embutidos nos ERPs e plataformas que conciliam automaticamente eventos, despesas e pagamentos estão ganhando espaço. Elas permitem que o gestor financeiro acompanhe em tempo real cada movimentação, com ganhos evidentes de governança, segurança e inteligência de dados.
É esse tipo de solução que empresas mais modernas já estão buscando. Estudos recentes indicam que dois terços das organizações planejam investir em soluções financeiras digitais nos próximos dois anos. Os motivos são claros: maior velocidade nas transações, prevenção de fraudes e capacidade de gestão mais apurada — três pilares fundamentais num cenário econômico instável e cada vez mais competitivo.
Mais do que tecnologia, estamos falando de uma mudança estrutural na forma como as empresas operam e tomam decisões. Quando o sistema de gestão passa a incorporar serviços financeiros, o financeiro deixa de ser uma área de apoio e assume um papel estratégico. Torna-se fonte de dados, de insights e de vantagem competitiva.
Falar sobre isso é fundamental porque, diferentemente de outras inovações que chegam com alarde, essa transformação acontece nos bastidores — quase imperceptível para quem está fora da operação. Mas é justamente essa revolução silenciosa que tem maior impacto sobre os custos, a saúde financeira e a agilidade dos negócios.
Não se trata apenas de adotar tecnologia. Trata-se de repensar o que é ser uma empresa eficiente em 2025.
Fabio Montanari, CEO da Montanari Tecnologia.