Recentemente, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), responsável por regulamentar o setor no país, anunciou que vai revisar o Regulamento de Segurança Cibernética Aplicado ao Setor de Telecomunicações, editado em 2020, com o propósito de determinar novos procedimentos para lidar com a segurança das redes e serviços de telecomunicação. A medida chamou atenção, e reforça o quanto esse tema é prioritário e precisa ser debatido e resolvido o quanto antes.
Isso porque é de extrema importância que as operadoras de telecomunicações, que lidam com enormes volumes de informações pessoais e comerciais e, portanto, são alvos atrativos para ataques cibernéticos, foquem seus esforços e tenham as ferramentas necessárias para cuidar dos dados e da privacidade dos usuários, a fim de garantir sua confiança e a integridade das operações das empresas do setor.
Nesse cenário, a cibersegurança tem se mostrado cada vez mais relevante para o segmento de telecom, principalmente com os avanços acelerados das tecnologias digitais e das crescentes possibilidades de interconexão entre os dispositivos. Portanto, há a necessidade de revisar e fortalecer as regras aplicadas ao setor para garantir a segurança das informações captadas e compartilhadas, e para combater os potenciais impactos negativos que podem surgir a partir de vulnerabilidades na infraestrutura das redes.
Uma das principais razões para a revisão das regras é a sofisticação e aumento das tentativas de ataques cibernéticos. Segundo relatório da Trend Micro, empresa de soluções em cibersegurança, o Brasil é o segundo país mais vulnerável a investidas de hackers, ficando atrás somente dos Estados Unidos. Apenas no primeiro semestre de 2023, o país registrou 23 bilhões de tentativas de crimes virtuais, de acordo com dados da Fortinet, companhia global de segurança cibernética.
E com a evolução e popularização de tecnologias como a inteligência artificial generativa, esses números só tendem a piorar, como mostra um estudo realizado pela Apura Cyber Intelligence, empresa voltada para segurança cibernética e investigação em meios digitais. A organização produziu um levantamento sobre os casos de golpes virtuais com uso de IA em 2023, e percebeu um aprimoramento das táticas para burlar sistemas tradicionais de segurança e ataques avançados com a criação e melhoramento de códigos maliciosos.
Além disso, o aumento da conectividade por meio das redes 5G e Internet das Coisas (IoT), que melhoram a conexão entre os aparelhos inteligentes, veículos conectados e infraestruturas, também amplia significativamente as possibilidades e cria um cenário propício para ataques em larga escala, tornando ainda mais essencial a implementação de novas e mais robustas medidas focadas em proteger tanto as redes, quanto os usuários.
Dessa maneira, as inúmeras aplicações do IoT fazem com que o volume de dispositivos móveis conectados na rede cresçam significativamente tanto no Brasil como no Mundo. E com isso, o aumento dos ataques cibernéticos vai gerar diversos prejuízos para as organizações, que vão desde perdas financeiras até a própria reputação.
Porém as mais modernas empresas de conectividade IoT utilizam conceitos diferenciados e distribuem toda a sua infraestrutura em Cloud, garantindo a segurança e proteção dos dados em trânsito ou repouso, além da detecção e prevenção de acessos não autorizados, dentre outras medidas previstas na LGPD.
Portanto, já passou da hora de atualizarmos os métodos de identificação e prevenção de golpes, e de investirmos em novas tecnologias e profissionais qualificados que consigam agir com rapidez e eficiência, acompanhando o ritmo de evolução dos ataques cibernéticos.
Fernando Parlangeli, engenheiro de Soluções da emnify no Brasil.