A dúvida com relação ao uso de máquinas e Inteligência Artificial para cumprir funções que são praticadas por seres humanos sempre gera bastante discussão, principalmente após a popularidade do ChatGPT. O medo de ser substituído por essas inovações motiva uma reação negativa automática a alternativas dessa natureza. Entretanto, para empresas que desejam cumprir com pautas da ESG (Environmental, Social and Governance), talvez seja o momento de enxergar essa discussão com outros olhos.
A agenda ESG traz como uma das preocupações, dentro do pilar Social, a segurança dos colaboradores da empresa. No ramo de metais e mineração, isso não é diferente. Alguns trabalhos realizados em ambientes industriais são inerentemente arriscados e perigosos.
O setor representa um dos principais pilares da economia brasileira, produzindo uma variada quantidade de substâncias minerais em reservas espalhadas por todas as regiões territoriais. Segundo o anuário mineral brasileiro de 2022, o valor da produção das 11 principais substâncias metálicas – alumínio, cobre, cromo, estanho, ferro, manganês, nióbio, ouro, vanádio e zinco – totalizaram R$312,9 bilhões.
Entretanto, todo esse mercado é movimentado quase que exclusivamente pela mão de obra humana. A ocorrência de deslizamentos durante a extração e a inalação de poeiras que provocam doenças respiratórias severas são possíveis acidentes que podem acontecer no dia a dia de um trabalhador desse setor. Apesar da segurança dos colaboradores no ambiente de trabalho sempre ter sido um pilar importantíssimo para empresas do ramo, atualmente, com o desenvolvimento de novas tecnologias, existem soluções mais eficientes que permitem que as organizações redefinam seus processos de segurança.
Seja por meio da retirada de colaboradores dessas áreas de risco, a partir da utilização de robôs ou veículos autônomos, ou por meio do monitoramento de seus funcionários presentes nesses locais, é uma tendência que a tecnologia esteja presente em todos os setores de mercado. Soluções como robótica, computação visual e análise de dados permitem com que as companhias se antecipem a eventuais problemas e descubram novas formas de realizar tarefas complexas.
Somado ao ganho do aumento da segurança, essa transformação também permite a realocação dos colaboradores para tarefas que dependam realmente do senso crítico e da análise, funções inerentes da mente humana. Além dos ganhos sociais promovidos pela tecnologia, também há possibilidade de benefícios no aspecto ambiental – outra preocupação do ESG -, pois as máquinas autônomas conseguem ser mais eficientes do que os humanos em tarefas repetitivas, reduzindo, assim, o consumo de combustíveis fósseis de automóveis que eram, anteriormente, pilotados pelos trabalhadores do setor.
Tendo isso em mente, a discussão sobre o uso de Inteligência Artificial ganha outras camadas, não com o propósito de substituir a mão de obra humana, mas sim com o objetivo final de excelência operacional, aumentando a segurança dos colaboradores, a eficiência produtiva e a previsibilidade nas operações.
Rodrigo Roscoe, Executivo de contas para a vertical de Metais e Mineração na América Latina da Engineering.