A Portugal Telecom encerrou o semestre com lucro de 252,9 milhões de euros (o equivalente a R$ 614,9 milhões), 41% a menos que o registrado no mesmo período de 2007. Apesar da queda, o valor supera a média das previsões dos analistas, que apontavam um lucro de 234,4 milhões de euros (R$ 569,9 milhões), 45,3% a menos do que o obtido na primeira metade do ano passado.
Mesmo sem os fatores extraordinários ocorridos no primeiro trimestre de 2007 – a venda de ações do Banco Espírito Santo (BES), bem como os contratos de equity swap (índice de ações com retorno total) e os resultados da PT Multimedia, que fazia parte do grupo –, os lucros da companhia teriam caído 10,8%, para 300,5 milhões de euros.
O ganho líquido por ação, no entanto, cresceu 7,5%, para 31 centavos de euro por título, uma vez que o programa de recompra de ações que a operadora está realizando tem reduzido o número de papéis em circulação.
A geração de caixa medida pelo Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) aumentou 2,1%, para 1,171 bilhão de euros, com uma margem de 36%. O lucro bruto operacional foi beneficiado pelo bom desempenho da operadora de telefonia móvel portuguesa, a TMN, da brasileira Vivo e da melhoria operacional da rede fixa, cujo segundo trimestre foi o mais positivo dos últimos três anos. Se fossem excluídos os custos com a aposentadoria de trabalhadores, o Ebitda teria subido para 1,19 bilhão de euros, 5,6% a mais do que no mesmo período de 2007 e com uma margem de 36,7%.
Assim como no final do primeiro trimestre, os grandes impulsionadores do crescimento das receitas do grupo continuam sendo a Vivo, a TV portuguesa por assinatura Meo e a TMN, em particular no segmento de banda larga móvel, um dos que mais têm crescido no mercado português de telecomunicações nos últimos anos.
A TMN conquistou 223 mil novos clientes nos primeiros seis meses do ano, 102,6% a mais do que no mesmo período de 2007, em particular nos serviços pós-pagos e de internet móvel. As receitas da operadora de celular atingiram 780,8 milhões de euros, 7,2% a mais do que no primeiro semestre do ano passado, tendo as receitas de internet crescido 41,4%, representando 19% do total.
Já a rede fixa da Portugal Telecom viu suas receitas operacionais caírem 4%, para 953,7 milhões de euros, "devido ao efeito combinado da perda de linhas e da pressão sobre os preços nas receitas de varejo", diz o informe de resultados da empresa.
A atividade internacional continua reforçando seu peso no balanço da PT, representando 48,6% das receitas consolidadas e 35% do Ebitda consolidado do grupo no primeiro semestre. Este cálculo não inclui as operações em Angola (Unitel) e no Marrocos (Médi Telecom), em que a PT não é acionista majoritária.
A Vivo, cujo controle a PT divide com a espanhola Telefónica, voltou a se destacar, com um crescimento da receita de 25,7%, para 1,43 bilhão de euros (R$ 3,48 bilhões). As contas da Vivo já incluem a aquisição da operadora Telemig, consolidada no segundo trimestre.
A dívida líquida consolidada da PT chegou a 5,8 bilhões de euros no fim do semestre, 32,35% a mais que os 4,38 bilhões de euros registrados em 31 de dezembro de 2007. O acréscimo é explicado pela aquisição de licenças 3G no Brasil (227 milhões de euros); aquisição da Telemig (198 milhões de euros); programa de recompra de ações (731 milhões de euros) e dividendos pagos pela PT (533 milhões de euros).
Em 30 de junho, a dívida total consolidada da companhia chegava a 6,9 bilhões de euros, dos quais 63,1% representavam dívida de médio e longo prazo e 59,7% a cobrança de juros. Do total da dívida, 79,6% eram em euros e 20,4% em reais, sendo que 50% da dívida líquida da Vivo atingia 816 milhões de euros (R$ 1,98 bilhão).
No final de junho, o indicador dívida líquida/Ebitda era de duas vezes e meia (em relação a 1,9 vez no primeiro semestre de 2007) e a média de cobertura dos encargos financeiros líquidos pelo Ebitda era de 10,1 vezes.
Com informações da Agência Lusa.