Com um país cada vez mais digital, onde o acesso à informação se torna a base para o desenvolvimento individual e social, a educação assume um papel crucial na construção de um futuro promissor. No entanto, para que o sistema educacional brasileiro alcance seu máximo potencial, é necessário ir além dos métodos tradicionais e abraçar as ferramentas inovadoras presentes em nosso dia a dia. Neste contexto, a governança de dados surge como um agente transformador, capaz de impulsionar a qualidade do ensino, a eficiência da gestão e a construção de um ambiente educacional mais justo e inclusivo.
Atualmente, saber gerenciar e organizar informações de maneira eficaz é fundamental para qualquer organização, independente de porte ou área de atuação. Porém, no âmbito educacional a importância do trabalho atinge níveis ainda mais amplos. Isso porque, a governança não se resume apenas à organização e armazenamento dos dados. Ela representa uma mudança de paradigma na forma como as instituições de ensino lidam com sua base de dados, transformando-os em ativos estratégicos para a tomada de decisões, personalização do aprendizado e otimização de processos.
O conjunto de práticas de governança, quando bem implementado, contribui para a definição de metas realistas, o aumento de produtividade e transparência, redução de custos, otimização geral dos processos, além de cooperar significativamente para a eficiência operacional dos colégios.
A nível estratégico, a gestão de informações na educação concentra-se na criação de um ambiente digital seguro e propício à colaboração entre alunos, professores e equipe administrativa. Tal condição é fundamental para garantir a proteção das informações confidenciais e promover um trabalho em equipe mais eficaz, resultando em uma melhora na qualidade do ensino e da aprendizagem entre os estudantes. Dados claros, democráticos e fidedignos são o pilar das ações estratégicas que irão assegurar o futuro do ambiente escolar, permitindo uma melhor compreensão das necessidades dos alunos e a otimização de onde alocar os recursos educacionais, que muitas vezes, sabemos, são escassos.
Desafio à prova
Apesar dos benefícios inegáveis, a implementação do conceito de governança no setor educacional do país enfrenta desafios. O primeiro deles é o fato de existirem mais de 124 mil escolas no Brasil, de acordo com o Censo Escolar de 2023, divulgado pelo MEC e Inep. Avaliando o ensino público, 85% das instituições têm acesso à internet. Entretanto, menos da metade delas faz uso da internet como ferramenta pedagógica.
Por mais que o número cresça ano após ano, ainda existe uma defasagem significativa e que gera dificuldades para a implementação de uma organização sólida das informações. Buscando melhorias a qualquer custo e sem uma capacidade técnica qualificada, torna-se comum ver instituições sem um domínio registrado e contas específicas para a gestão e educadores. Com consequência, dados de aulas, alunos, professores e informações sobre o financeiro da escola ficam facilmente expostas a vazamentos.
Fora a limitação de recursos em si, os obstáculos incluem ainda a frágil maturidade dos gestores, a fragmentação e baixa qualidade das informações, e falta de transparência. Tais fatores somados resultam em uma operação ineficiente e pouquíssima estratégica, além de gerar o famoso retrabalho.
Para superar essas adversidades é preciso que a instituição organize uma cultura de dados, que inclua a integração e centralização deles, definição de políticas claras, investimento em capacitação dos profissionais e adoção de tecnologias digitais avançadas. Ainda é imprescindível que o engajamento esteja compartilhado em todos os níveis da entidade, e o esforço junto à temática seja contínuo.
Além disso, a governança de dados na educação deve estar em consonância com os aspectos legais e éticos que garantem a privacidade, segurança e o uso responsável das informações. No Brasil, a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD) estabelece diretrizes para a coleta, armazenamento e tratamento de dados pessoais, exigindo o consentimento explícito dos titulares dos dados e a implementação de medidas de segurança para protegê-los. No contexto educacional, isso se traduz em práticas que assegurem a proteção e o uso ético dos elementos sigilosos dos alunos, professores e demais membros da comunidade escolar, utilizando as informações de forma responsável e transparente.
O fato é que chegou a hora da educação brasileira abraçar de vez as ferramentas tecnológicas, sem desgrudar os olhos da governança de dados. Com ela bem implementada, o país tem tudo para aprimorar os níveis de educação e formar cidadãos verdadeiramente preparados para os desafios do século XXI. Afinal, a capacidade de transformar dados em conhecimento pode ser uma força catalisadora para que cada estudante alcance seu pleno potencial.
Yago Ondersem, Diretor de Operações da Reeducation.