O Reator Multipropósito Brasileiro (RMB) está mais perto de se tornar uma realidade. Na última quinta-feira (3), o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) anunciaram a liberação de R$ 243 milhões para avançar na construção do empreendimento, que será um dos mais importantes centros brasileiros de pesquisa para aplicações da tecnologia nuclear em benefício da sociedade, em áreas como saúde, agricultura e meio ambiente.
"Estamos dando mais um passo para colocar a ciência brasileira em um novo patamar. O RMB é um projeto de tecnologia de ponta na área nuclear, que vai viabilizar a autonomia do nosso país na produção de radioisótopos, usados na fabricação de fármacos para tratamento do câncer. Assim, vamos reduzir riscos de desabastecimento, diminuir custos e ter melhores condições para atender à população. É a ciência, a saúde e o desenvolvimento caminhando juntos", enfatizou a ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos.
A instalação principal do RMB consistirá em um reator nuclear de pesquisa, que utilizará as radiações geradas na reação nuclear para várias aplicações, por exemplo, em áreas como medicina, indústria, agricultura e meio ambiente. Também se constituirá como um equipamento estratégico para a qualificação de combustíveis e materiais nucleares, além de fornecer um laboratório nacional para a utilização de feixe de nêutrons em pesquisa científica e tecnológica em diferentes campos.
O RMB será construído em Iperó, município localizado no interior do estado de São Paulo, junto ao Centro Industrial Nuclear de Aramar, da Marinha Brasileira, que está desenvolvendo o protótipo em terra do reator do submarino nuclear brasileiro. "Para termos uma ideia, o combustível nuclear, que vai tanto para o projeto do submarino convencionalmente armado com propulsão nuclear quanto para as usinas de Angra, poderá ser testado no Reator Multipropósito Brasileiro", exemplificou o diretor científico e tecnológico da Finep, Carlos Aragão.
Os recursos liberados para o projeto são não reembolsáveis e têm origem no Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT). Eles financiarão a fase de implantação do RMB, por meio da execução de projetos detalhados de engenharia de prédios nucleares e radioativos; da execução das obras de infraestrutura do sítio do RMB; da aquisição de matérias-primas e itens importados para a fabricação dos componentes principais do reator nuclear; do detalhamento final da infraestrutura técnica do Laboratório de Feixe de Nêutrons; e da execução de programas ambientais no local, conforme exigido pelo IBAMA.
"Essa é a etapa que permitirá que o projeto saia do papel e que a construção do reator seja efetivamente iniciada. O projeto conta com a participação da Investigaciones Aplicadas (INVAP), uma empresa argentina, e também da nossa Amazul, empresa pública da Marinha. Portanto, é realmente um marco", defendeu Aragão.
Novo PAC
Em 2023, o MCTI e a Finep liberaram outros R$ 172 milhões para o RMB, que foi incluído no novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que já previa, até então, investimentos da ordem de R$ 1 bilhão até 2026.
O projeto do Reator Multipropósito Brasileiro teve início em 2008, na Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), que, por intermédio do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), é responsável pelo planejamento técnico do empreendimento. A CNEN é uma autarquia vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, cuja missão é garantir o uso seguro e pacífico da energia nuclear, promovendo o desenvolvimento de tecnologias voltadas ao bem-estar da população.