Dois dias depois de ter optado por fechar um acordo com a Apple, no qual se comprometeu a pagar US$ 548 milhões por violações de patentes, já que dificilmente conseguiria vencer a disputa na Justiça americana, a Samsung volta ao olho do furacão. O órgão regulador financeiro da Coreia do Sul disse que a empresa está sob investigação devido a um suposto esquema de insider trading — uso de informação privilegiada na negociação de ações — montado por executivos de alto escalão.
Segundo notícia publicada nesta segunda-feira, 7, pelo The Wall Street Journal, o esquema incluiria nove executivos de nível da presidência do grupo sul-coreano e outros de escalão inferior, segundo revelou um funcionário da Comissão de Serviços Financeiros da Coréia do Sul. Os nove executivos pertencem a três ou quatro "grandes" empresas da Samsung, disse a fonte ao jornal americano, sem dar maiores detalhes.
A Samsung, maior conglomerado empresarial do país, tem mais de 60 filiais de empresas que atuam desde no mercado de seguros até no de construção naval. As filiais maiores, como a Samsung Electronics, tem vários executivos no nível da presidência.
Ainda de acordo com a fonte, a investigação ainda está nos estágios iniciais e pode demorar até um ano para ser concluída. A Comissão de Serviços Financeiros disse na sexta-feira, 4, que abriu um inquérito recentemente para investigar funcionários da Samsung suspeitos de terem comprado um combinado de 40 bilhões de wons coreanos (o que equivale a algo entre US$ 35 milhões a US$ 43 milhões) em ações da holding da Samsung, a Cheil Industries.
Em maio deste ano, a Samsung divulgou planos para comprar a Samsung C&T Corp., braço da companhia na área de construção e comércio. Mas, em setembro, a Cheil Industries, que opera um parque de diversões e um negócio na área de moda, adquiriu a empresa por US$ 8 bilhões. Na época, o movimento foi visto como um passo fundamental para a transferência do comando do conglomerado para Lee Jae-yong e suas duas irmãs, herdeiros de seu pai doente, o presidente da Samsung, Lee Kun-hee.
A incorporação da Samsung C&T deu à família Lee uma participação de 16,5% na empresa resultante da fusão, o que lhe garante o controle sobre da Samsung C&T — a nova companhia manterá esse nome —, que terá 4,1% de participação (US$ 6,7 bilhões) na Samsung Electronics, maior fabricante de smartphones do mundo em remessas de aparelhos.
Procurada pelo jornal americano, a Samsung disse que estava ciente da investigação e que irá esperar até a sua conclusão antes de comentar o assunto.