As operadoras de telecomunicações móveis definitivamente estão investindo em M2M (machine to machine) de olho no potencial mercado de internet das coisas (IoT), tanto na área corporativa como de usuários finais, que começa a ser tornar realidade no país. Um dos principais fatores para essa decisão está ligado à definição do padrão LTE-M, também chamado de narrow band IoT (NB-IoT), que é parte da infra LTE já existente, e da liberação da faixa de 70MHz, o que diminui a necessidade de grandes investimentos em novas redes.
Esse foi um dos principais consensos do painel sobre conectividade M2M, do IoT Business Forum, que aconteceu nessa terça-feira, 6 no WTC, promovido pela TI Inside, no qual participaram representantes da Embratel-Claro, TIM, Oi e Telefônica Vivo.
No futuro, a evolução para o 5 G, segundo os painelistas, será a viabilizadora para conectar os mais de 20 bilhões de dispositivos de IoT previstos pelas consultorias em 2020. Mas nesse período, a conexão via 4 G pode viabilizar o mercado de IoT, segundo a opinião de Janilson Bezerra, diretor de Innovation & Business da TIM. "Quanto antes for desligada a rede 2G será melhor para o mercado, pois haverá ganhos de escala para as redes 4G e também qualidade do serviço prestado. Hoje a rede 4G da TIM cobre mais de mil cidades e no ano que em vai cobrir o dobro desse número", explicou.
Segundo estimativas da IDC, o Brasil em 2016 já conta com140 milhões de objetos conectados, com previsão de chegar a 2024 com mais de 2.2 bilhões de conexões. O 3G corresponderá a 21% das conexões e 4G/LTE a 54% das conexões. 14% das conexões em 2024 serão LPWA – Low Power Wide Area, alavancadas pela simplicidade de desenvolvimento.
Para o diretor da Embratel – Claro (grupo América Móvil), Luciano Gonçalves de Souza, a operadora resolveu que manterá sua rede 2G por pelo menos mais 5 anos atendendo solicitações dos clientes que querem preservar os investimos. Hoje o grupo atua em 18 países nas Américas e 7 na Europa, conectando 892 milhões de pessoas.
Cases
Ela tem clientes relevantes que usam suas soluções de conectividade de IoT, como a General Motors com o serviço On Star, que oferece nos automóveis concierge conectado a um call center, assistência 24 horas e notificação automática em caso de acidente. O cliente poderá contratar outros serviços, como de música do Spotify, vídeo on demand, conexão à Internet.
O Ford On Track para caminhões combina funções de telemetria logística e segurança, fazendo o monitoramento em tempo real à distância, telemetria para medir velocidade, rotação do motor, distância percorrida, paradas bruscas, etc, proporcionando redução de custo e segurança operacionais.
Outro projeto monitorado pela operadora é o Olho Vivo, da SP Trans, sistema para controle de tráfego, onde os tempos dos semáforos podem ser alterados remotamente para um melhor fluxo, beneficiando também veículos de emergências.
Inclusive serve para monitorar a volumetria de usuários, índice usado para pagamento de subsídios pela Prefeitura, que faz também o rastreamento e monitoramento da frota de ônibus na capital paulista, confirma a quantidade ônibus nas linhas e fornece informações para os usuários sobre consulta dos itinerários, previsão de chegada às paradas, etc.
Souza explica que a com a adoção da nova tecnologia eUICC ou eSIM Card via OTA (Over The Air), através de uma plataforma Subscription Manager, é possível monitorar o veiculo que pode estar conectado com diferentes operadoras. "Para o mercado carros conectados, produzidos em diferentes em países com o Sim Card já embarcado de fábrica, essa tecnologia viabiliza o monitoramento dos mesmos sem necessidade de fazer a troca no país de destino".
Luiz Carlos Faray, diretor de Negócios de TI B2B da Oi, explica que a escassez de solução fim a fim, ausência de padrões, questões de segurança e privacidade, têm atrasado a adoção de IoT no país, com poucos casos de ROI comprovado.
Para superar essas dificuldades, a Oi montou um laboratório de Internet das Coisas no Rio de Janeiro para apoiar os clientes na realização de provas de conceitos e ofertas de soluções em mercados promissores, como gestão de frotas, smart grid, oi cidade inteligentes e oi smart, para casas conectadas.
Antonio Cesar Santos, responsável por soluções de M2M e IoT da Telefônica Vivo, diz que a operadora trabalha tanto com padrão Narrow Band quanto Broad Band, dependo do tipo de aplicação a ser implantada. Segundo executivo, a operadora monitora 4,8 bilhões de conexões globalmente, o que representa 39,12% de market share de IoT.
Ela tem uma solução batizada de Conectividade Vivo M2M Control Center, para atender projetos de clientes globais, e Conectividade M2M Gestionada com Vivo Smart Center. No próximo ano está lançando as soluções Vivo Frota Inteligente, Vivo Smart Energy e Big Data com Vivo Smart Steps.
A solução de gerenciamento de energia foi desenvolvida pela operadora para monitorar seus data centers e infraestrutura, o que gerou esse serviço Smart Energy agora será oferecido ao mercado.
Santos explica que a Telefônica Vivo desenvolveu várias soluções na América Latina. Foi responsável pela implantação do projeto de cidade inteligente no interior de São Paulo, de medidores de água residencial, onde a concessionária pode ter várias medições de consumo ao dia ao invés daquela medição mensal tradicional, e neste caso ela poderá equilibrar a pressão da rede de distribuição ao longo do dia, demandando menos perda por vazamento e menor consumo de energia.
Também tem um projeto da Telefônica Chile em parceria com a ESSBIO, concessionária de fornecimento de água residencial na cidade de Concepcion, que está provando em campo esta tecnologia já há alguns meses.
"Este são somente alguns dos cases que estamos desenvolvendo, e à medida que vamos evoluindo traremos a público novos cases, demonstrando o potencial da tecnologia de IoT", finaliza.