Treze dias após reportar seu pior resultado global dos últimos anos, com direito à ampliação do plano de redução de custos e revisão – para cima – de demissão em massa de funcionários, a Ericsson anuncia que submeterá toda sua estrutura global a uma mudança estratégica, que vigorará a partir de 1 de abril. A empresa passará a se dividir por regiões, não mais por unidades. Ou seja, em vez de unidades no Brasil, no Chile, na Argentina e em outros países latinos onde a Ericsson possui escritórios, haverá somente uma grande "região", no caso a "região América Latina", com todos esses países se reportando a essa nova sede, localizada em São Paulo. Segundo o CEO da Ericsson, Hans Vestberg, a reorganização também visa aumentar o foco no cliente e fortalecer a atuação regional da companhia, além de incrementar as vendas atuais em novas áreas. A mudança também modificará a composição da cúpula da empresa sueca. Além do CEO mundial, a Ericsson terá 10 presidentes, um por região. O presidente da região América Latina será Sergio Quiroga da Cunha, atualmente presidente da Ericsson América do Sul. A presidente da Ericsson Brasil, Fatima Raimondi, que está no comando da subsidiária desde 2008, deixa o cargo em abril. Ainda não foi comunicado pela assessoria de imprensa se ela continuará na companhia ou não.
Mudar era preciso
No último dia 26 de janeiro, a Ericsson reportou, em seu balanço global do ano fiscal de 2009, receita líquida 65% inferior em relação a 2008. Para se ter uma ideia, a receita líquida de 2009 inteiro (4,1 bilhões de coroas suecas, ou US$ 563,9 milhões) empatou com o lucro líquido de apenas um trimestre de 2008, que foi o quarto trimestre. Por conta do ano difícil, o programa de redução de custos da Ericsson, que tinha meta de cortar 10 bilhões de coroas suecas (ou US$ 1,3 bilhão), teve de ser revisto e ampliado para 15 ou 16 bilhões de coroas suecas (cerca de US$ 2 bilhões), o que implicará a demissão de mais 1,5 mil funcionários (além dos 5 mil postos já cortados desde o início de 2009). Na ocasião, Hans Vestberg alegou que o mau desempenho nas vendas e na receita da companhia se deu por conta da permanente queda na implantação de infraestrutura GSM. Recentemente a Ericsson adquiriu a divisão de tecnologia de redes de quarta geração (LTE) da Nortel por US$ 1,3 bilhões e espera, com isso, retomar os negócios assim que as operadoras iniciarem as implantações de redes LTE. A divisão de telefonia móvel também foi decepcionante para a companhia, que vem perdendo muito espaço para a asiática Huawei, entre outras.
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