Fábrica da Foxconn que produz o iPhone no Brasil é suspeita de irregularidades

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O Sindicato dos Metalúrgicos de Jundiaí suspeita que uma das fábricas da Foxconn em Jundiaí, no interior de São Paulo, esteja cometendo inúmeras irregularidades trabalhistas. Denominada Unidade 2, esta fábrica é a responsável pela montagem do iPhone no Brasil e, futuramente, deve passar também a produzir o iPad. De acordo com o diretor do Sindicato, Célio Guimarães, desde que iniciou as operações, a planta em questão vinha funcionando com jornadas de trabalho que excediam as 44 horas semanais, o máximo permitido pela lei brasileira. Além disso, instalada em um bairro isolado da cidade, ela não possuía refeitório para os operários que trabalhavam em período integral. "A empresa é muito blindada; é muito difícil entrar em contato com as pessoas de lá", lamenta.

Mas, mesmo com todo esse segredo, o dirigente sindical diz que houve alguns progressos. "Conseguimos a regulamentação dos turnos de trabalho, a instalação da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) e de um restaurante interno", afirma Guimarães. Agora, ele diz, estão surgindo queixas sobre as más condições de trabalho, assim como acontece nas fábricas da empresa na China, onde chegou até a ocorrer uma onda de suicídios de empregados no ano passado. Há rumores, inclusive, de que operários chineses estão trabalhando na unidade brasileira. "Comenta-se que durante o dia chegam ônibus com dezenas de trabalhadores ilegais no país."

A suspeita de que há algo errado em relação às condições de trabalho na empresa cresceu com as constantes visitorias feitas na Unidade 2 por agentes do Ministério Público do Trabalho. Uma fonte ligada ao órgão disse à reportagem de TI INSIDE Online, sem se referir especificamemente à Foxconn, que as investigações independentes ou em conjunto com a Polícia Federal são feitas em razão da seriedade das evidências e denúncias de funcionários. Como a dificuldade de comprovar algumas situações é grande, as autoridades preferem manter sigilo sobre os rumos dos casos.

"Muitas vezes o tempo de caminhada entre a portaria e a fábrica é suficiente para os empregadores esconderem uma questão grave", disse a fonte. Segundo ela, o rápido crescimento e os incentivos fiscais dados pelo governo gerou uma expansão desordenada da Foxconn, culminando em condições precárias, que agora estão sendo apuradas.

De fato, a fabricante chinesa teve o seu processo produtivo básico (PPB) para fabricar tablets no Brasil aprovado, com a desoneração fiscal prevista na Lei 12.507. Ao lado da redução de 80% sobre a alíquota do IPI – que passa de 15% para 3% –, com o PPB aprovado a Foxconn terá acesso a isenção da alíquota de PIS e Cofins, que é de 9,75%. Além disso, especula-se que a empresa poderá ter parte dos US$ 12 bilhões necessários para instalação de uma fábrica de telas LCD financiada pelo BNDES.

Este noticiário entrou em contato várias com a Foxconn para que ela se pronunciasse sobre as acusações, mas ninguém na empresa soube informar quem é o porta-voz nem tampouco quem responde pelo departamento de comunicação.

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