Entre 2005 e 2008, a produção industrial de eletroeletrônicos do Brasil cresceu 21,2% ao ano, o segundo maior crescimento do mundo, atrás apenas da Eslováquia, que cresceu 26% ao ano no período. O resultado colocou o país pela primeira vez no 10º lugar no ranking dos maiores produtores de eletroeletrônicos do mundo. No entanto, segundo estudo realizado pelo Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o setor no país sofre atualmente um processo de desindutrialização, que assume proporções cada vez mais preocupantes.
De acordo com o estudo, a principal causa da desindustrialização é a inexistência de uma indústria nacional de semicondutores no país, o que obriga os fabricantes de eletroeletrônicos a importar os microchips que equipam seus produtos.
Essa situação tem contribuído para o aumento do déficit da balança comercial do setor, que atingiu US$ 12 bilhões no ano passado – gastos de US$ 14,9 bilhões com importações e receita de US$ 2,9 bilhões com exportações. O segmento dos componentes eletrônicos foi responsável por 44,8% deste total, sendo que somente os chips respondem por US$ 3,5 bilhões do déficit, ou 70%.
O relatório aponta também uma certa "monocultura" na exportação de produtos brasileiros. O único produto eletrônico produzido no país que tem obtido sucesso nas vendas ao exterior é o telefone celular, mesmo assim ainda restritas basicamente à América Latina – o país fabrica 65 milhões de celulares por ano, 11 milhões de televisores e 9 milhões de computadores.
Ainda de acordo com a análise do BNDES, a falta de demanda no exterior por produtos eletrônicos brasileiros faz com que a produção nacional seja direcionada totalmente para o mercado interno. A principal razão apontada pelo banco para isso é a valorização do real frente o dólar, principalmente durante a crise financeira mundial, o que tornou os produtos brasileiros muito caros.
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