Conveniência é o petróleo do século 21

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O cliente chega ao posto de gasolina, pois está prestes a pegar a estrada para passar um feriado na natureza. Ao lembrar de abastecer, ele também se dá conta que imprevistos acontecem – e nos precavemos na torcida de que esses obstáculos não apareçam. A pessoa em questão acessa um aplicativo, adere a um seguro auto sem carência e sem contrato de fidelidade e, em menos de duas horas, a apólice está ativa.
O caso é real e foi um exemplo que debati em um brainstorm com colegas de trabalho. As conveniências que a aceleração digital trouxe às nossas vidas ainda estão sendo mensuradas – e tampouco temos noção desses benefícios com profundidade. Pode ser desde um plano de saúde à criação de uma conta para pessoa jurídica: o que antes era burocrático e moroso, com a ascensão das fintechs, edtechs, insurtechs e demais techs, muitos produtos e serviços passaram a estar, literalmente, na palma da mão.
Apesar da praticidade, não acredito que profissionais intermediários dos respectivos setores – como o corretor de seguros, o gerente de banco, o facilitador educacional – se encontram em xeque ou sequer tendem a desaparecer. O mesmo cliente que faz uma adesão de uma apólice digital, usando um aplicativo, vai recorrer a um consultor ou corretor quando precisar de fazer algo mais customizado ou com proporções maiores. São beleza complementares que tendem a coexistir em harmonia.
Essa sinalização do mercado não é de agora. De acordo com o estudo "Tendências na indústria de seguros", da Accenture, com foco em 2023, algumas tendências foram apontadas para o ano passado, tais como: o seguro deixará de ser algo elitizado; as empresas incumbentes (estabelecidas e consolidadas) tendem a fazer parcerias com as chamadas insurtechs; cada vez mais, vamos falar de migração para a nuvem; e a adoção de novas tecnologias requer uma readequação da força de trabalho.
Trazendo o eixo para 2024, há mais de 100 startups dedicadas aos novos modelos de adesão a seguros no Brasil. É uma realidade, cada vez mais, flagrante aos nossos olhos – e aqui não falo apenas como gestor desse segmento, mas também como um cliente de demais soluções digitais, que se tornaram mais democráticas na última década. Quem não se lembra quando o Nubank apareceu? O olhar ressabiado era muito comum e, anos depois, estamos diante de uma das maiores companhias de banking nacional.
Vamos ver esses fenômenos com mais assiduidade a partir de agora. Com base em meu cotidiano no setor de seguros digitais, venho notando algumas tendências para este semestre e, certamente, para 2025. São elas: a customer centricity, ou seja, o cliente no centro das soluções; o uso constante – e inteligente – de dados; a inteligência artificial (e consequentemente, a aprendizagem automática) a serviço de todos; a cibersegurança; a agenda ESG; e claro, as integrações e as parcerias.
Cabe única e exclusivamente a nós – clientes e fornecedores – o papel de estarmos atentos e dançarmos conforme a música, no melhor sentido da expressão. O mercado está, gradativamente, se dedicando às necessidades reais das pessoas. Consequentemente, as empresas, mais do que nunca, estão entendendo a importância de que a escuta ativa é umas das competências mais valiosas no século 21.

Reinaldo Aguimar, co-fundador da OON Seguradora.

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