Nem bem terminou de assinar o acordo de compra da 3Par, na quinta-feira, 2, a HP já se envolveu em um nova disputa. Desta vez, porém, não se trata nenhuma aquisição, mas da tentativa de impedir que seu ex-CEO Mark Hurd, demitido no início de agosto, após acusação de assédio sexual, ingresse no conselho de administração e assuma a presidência da Oracle.
A companhia entrou com um processo na terça-feira, 7, para impedir a contratação do executivo. O ingresso de Hurd no board da Oracle foi anunciado na segunda-feira, 6, horas depois de o então presidente, Charles Phillips, ter renunciado ao cargo de presidente e membro do conselho de administração da fabricante de software.
Na ação, impetrada numa corte de Justiça da Califórnia, nos Estados Unidos, a HP alega que "para realizar seu trabalho na Oracle, Hurd necessariamente terá que revelar os segredos comerciais e outras informações confidenciais da empresa". No processo, a HP menciona ainda que o executivo, quando deixou a HP, assinou um contrato no qual se comprometia a não divulgar quaisquer informações comerciais da empresa para concorrentes, e sua entrada na Oracle seria uma violação do documento.
Em resposta, o CEO da Oracle, Larry Ellison, chamou o processo de "vingativo" e o considerou um "desrespeito à parceria [entre HP e Oracle], aos clientes em comum e aos seus próprios acionistas e empregados". Ellison declarou que o conselho de administração da HP está fazendo com que seja "literalmente impossível" manter parceria entre as empresas no mercado de tecnologia da informação.
A contratação de Hurd pela Oracle, no entanto, não foi um movimento completamente inesperado pelo mercado. A entrada do executivo no conselho de administração da fabricante de software é uma medida estratégica, já que ela passou a atuar no mercado de servidores com a compra da Sun Microsystems, por US$ 7,4 bilhões. Sob o comando de Hurd, a HP consolidou-se como uma grande potência nesse mercado e hoje é uma das maiores receitas do mundo no segmento.
Especialistas no assunto observam que a aceitação do processo pela corte americana é muito difícil, já que a Justiça tradicionalmente mantém-se longe de questões envolvendo relações comerciais entre grandes empresas. De acordo com rumores que circulam na imprensa do país, os responsáveis pelo caso já se mostraram relutantes em julgar o processo, pois não foram apresentadas provas de que Mark Hurd se comprometera com a HP em não divulgar informações comerciais para concorrentes. Com informações do The Wall Street Journal e do New York Times.
- Impedido?