Os mercados emergentes são a aposta da Siemens PLM Software para crescer no mercado de software e soluções de gerenciamento do ciclo de produção e de CAD – Computer Aided Design, onde a empresa vem obtendo resultados expressivos de vendas. Hoje a Rússia lidera o crescimento nesses segmentos com 93%, seguida pela Índia com 57%, o Brasil com 39% e a China, com 34%. A informação foi dada por Paul Vogel, diretor global de vendas, marketing e serviços, durante palestra na Siemens PLM Software Analyst Conference, realizada nesta quarta-feira, 7, em Boston, nos Estados Unidos.
A Siemens PLM Software tem 33 mil empregados e faz parte da divisão de automação industrial da multinacional alemã. No ano passado, a unidade de negócios registrou receita da ordem de 6,4 bilhões de euros, enquanto o grupo Siemens faturou US$ 103 bilhões em todo o mundo. O executivo-chefe (CEO) da companhia, Tonny Affuso, se diz bastante otimista com os últimos resultados, impulsionados pelo crescimento expressivo nos últimos quatro trimestres fiscais, que ficaram entre 25% e 50%, retomando a liderança de mercado que havia perdido em 2010 para a PTC. “Somente no pipeline de vendas para 2012 já temos mais de US$ 1 bilhão registrados”, disse o CEO, acrescentando "que nos últimos 12 meses conquistamos 3 mil novos clientes, que vão se somar aos 70 mil já existentes".
A empresa também divulgou o fechamento de um contrato multimilionário com a BAE Systems Submarine Solution, que vai usar a solução Teamcenter como o backbone do programa de fabricação na nova geração de submarinos ingleses, denominada Trident. Os números não foram divulgados, mas estima-se que cheque a casa de U$ 45 bilhões em dez anos. A BAE Systems, que fatura US$ 34,5 bilhões e soma 105 mil empregados, anunciou em maio um investimento da ordem de 3 bilhões de euros só para a fase do design do novo projeto.
Das 20 maiores empresas automotivas 19 são clientes da Siemens PLM (a exceção fica por conta do grupo coreano Hyundai-Kia), setor de onde a ela tem um grande número de contratos. "Empresas que agora estão revisando suas estratégias de PLM (gerenciamento do ciclo de vida de produtos) como Ford, Mazda, Audi, Jaguar-Land Rover, Chrysler, GM, por exemplo”, acrescentou Affuso. Ele destacou ainda o contrato fechado em novembro do ano passado coma Daimler, desbancando o software de CAD Catia da concorrente francesa Dassault. “Em 2012 termina a implantação da solução de CAD em toda a cadeia de suprimentos, simulação, colaboração e integração de conhecimento”, enfatiza.
Reorganização interna
Para atingir as metas de crescimento, a Siemens PLM promovera a partir de 1º de outubro uma reorganização interna, com ênfase em unidades de negócios para cada tipo de indústria e uma área que vai incluir vendas, marketing, serviço e “delivery”, dividida por zonas e países. Além disso, terá área denominada CTO, responsável pelo desenvolvimento da plataforma de colaboração, recursos técnicos e cultura do conhecimento. A diretoria terá apenas três postos, o CEO (Tony Affuso), o presidente (Chuck Grindstaff) e o vice-presidente e CFO (Harry Volade).
A empresa pretende também investir em parcerias para vendas indiretas, que no passado cresceram 30%, com receita de US$ 1 milhão. Ao todo, a empresa tem 57 parceiros de negócios, globais e regionais, que atendem mais de 5 mil clientes, e entre eles estão a Accenture, Delloite, Wipro, Infosys, Tata, IBM, HP, CSC, entre outros.
No Brasil o principal segmento da Siemens PLM é o automotivo, até por razões históricas. Nos anos 80, a General Motors era usuária do CAD da Unigraph (empresa da qual detinha o controle) e a Ford do iDeas. Em 2001, com a criação da Autolatina, houve a junção das plataformas pela EDS. Essas empresas foram depois unificadas com a americana SDRC e, em 2007, vendidas para a Siemens. Na Europa, a Fiat e Volkswagem já eram clientes da empresa alemã, o que lhe trouxe essa hegemonia no segmento.
A empresa tem planos em crescer em segmento como de petróleo e gás, produtos de consumo, varejo e nos projetos de grandes empresas para a Copa do Mundo de 2014 e Olimpíada de 2016. De acordo com Jon Heidorn, vice-presidente de marketing das Américas para produtos de PLM, o governo precisa definir logo esses projetos, pois existe a necessidade de treinar os profissionais. Para isso, a Siemens esta investindo em acordos com universidades, treinamento de funcionários, que somam cerca de 100 profissionais, na tradução desoftware para o português, além de na formação dos parceiros, que são responsáveis pelos serviços e manutenção.
Dave Shook, vice-presidente sênior e gerente para as Américas, disse que está mirando as empresas genuinamente brasileiras, como Petrobras, OSX, Embraer etc., que são grandes exportadoras. Ela também esta aumentando sua presença com a abertura de filais no sul do país e em Manaus, basicamente para atender a fabricante de motocicletas Honda. Outra área mencionada foi a de governo, na qual existem oportunidades em projetos e manutenção de navios, aviões e equipamentos de defesa.
Aposta na inovação
A Siemens também aposta na inovação. Pesquisa encomendada a Harvard Business Review, feita com 1.214 executivos em todo o mundo, revela que metade deles afirmou que vai investir mais de inovação neste ano, sendo que 55% afirmaram que os parceiros de negócios são a principal fonte de ideias e suporte para as inovações. Nessa linha, a empresa apresentou na conferência duas iniciativas. A primeira de oferta do software de CAD NX em nuvem, no modelo de software como serviço (SaaS).
Nir Merry, vice-presidente de engenharia da Alied Material, fabricante de semicondutores, displays e células solares, implementou o software numa nuvem privada, acessada por 800 usuários no Texas, 200 em Amsterdã e mil em Bangalore, na Índia. Segundo ele, dessa forma conseguiu aumentar a colaboração, a sincronização dos sistemas, capacidade computacional e mobilidade. "Seis por cento dos engenheiros já trabalham em casa, conseguimos 30% a mais de produtividade e tivemos mais sustentabilidade", afirmou.
Outro lançamento foi a nova versão do Teamcenter Mobility para iPAD, que permite aos usuários visualizar, adquirir conhecimento e acompanhar um workflow de processos, por exemplo. Um técnico pode visualizar como se monta e desmonta um equipamento, acompanhando na tela passo a passo todos as tarefas e de que modo elas devem ser realizadas, garantindo melhor assertividade e qualidade nos serviços.
*O jornalista viajou a Boston a convite da empresa.