O mercado financeiro tem passado por uma onda de significativas mudanças, relacionadas ao desenvolvimento de soluções inovadoras e outros produtos que visam trazer mais inclusão e empoderamento da população em relação aos serviços financeiros, melhorar o desempenho e a usabilidade de plataformas e serviços para empresas e consumidores. Uma pesquisa realizada pela Mastercard concluiu que, de 2020 para cá, 89% dos entrevistados passaram a utilizar ferramentas digitais na realização de, pelo menos, uma tarefa financeira.
Diante disso, a Infosys acredita que esse movimento inovador do setor continue nos próximos meses. De acordo com Luiz Sassá Jr., diretor de Serviços Financeiros da Infosys, essas inovações, impulsionadas por mudanças regulatórias e tecnológicas, como por exemplo o Open Finance e o Real Digital, , incluem diversas soluções voltadas à praticidade em transações bancárias, devem apresentar disrupções e jornadas mais consolidadas pelos próximos cinco anos.
"Já existem diversas iniciativas acontecendo para ampliar os benefícios para empresas e consumidores, além de gerar competitividade no setor, busca por inovação, melhoria nas jornadas do cliente, novas regulamentações, e até mesmo integrações entre diferentes plataformas", comenta Sassá.
Toda essa mudança nos hábitos de consumo também teve grande impacto com a implementação do Pix, criado em fevereiro de 2020 pelo Banco Central, que teve seu ápice em dezembro do ano seguinte, quando registrou uma movimentação de R$ 622,4 milhões. E a expectativa é de que, até o final do ano, o segmento supere os R$ 3 trilhões de volume financeiro transacionado por pagamentos digitais, segundo um relatório da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), número 22% maior do que o registrado no período anterior.
Para exemplificar a série de inovações do setor, Sassá apresenta seis tendências que devem surgir e alavancar ainda mais os pagamentos digitais ao longo dos próximos cinco anos:
• Pagamentos sem fricção: cada vez mais, os pagamentos serão realizados de forma intuitiva, sem a necessidade de processos complexos para autorização de pagamentos, sejam físicos ou on-line. Um exemplo disso é a possibilidade de utilizar carrinhos de compras com sensores inteligentes, que identificam os produtos escolhidos e permitem o pagamento via carteira digital ou QR Code, sem a necessidade de passar por um caixa físico.
• Biometria para autenticação de pagamentos: com a vasta utilização de dispositivos móveis com leitura de biometria, será possível realizar pagamentos que utilizem impressão digital ou reconhecimento facial, o que contribui para a segurança da transação, e para a segurança sanitária, ao evitar o contato físico com outras pessoas.
• Embedded finance: as finanças embarcadas serão uma ótima oportunidade para que as instituições financeiras interajam com os clientes por meio do ecossistema do open finance, trazendo outros produtos que façam sentido na sua jornada de compra. Com a solução, será possível que o cliente efetue a compra de uma passagem aérea, por exemplo, e receba instantaneamente ofertas de seguro com uma cobertura que faça sentido para sua viagem, com o propósito de complementar sua experiência.
• Diminuição de intermediadores: a diminuição de intermediadores de pagamentos é um fenômeno que vem acontecendo e que já pode ser observado nos pagamentos peer-to-peer e nas finanças descentralizadas, conhecidas como DeFi. Será uma questão de tempo para que a adesão a essas tecnologias aumente significativamente e torne o processo transacional mais barato e ágil.
• Pagamentos utilizando a tecnologia DLT e Defi: serão cada vez mais comuns pagamentos com moedas digitais ou transações de ativos via blockchain. O Banco Central do Brasil tem trabalhado no lançamento do real digital, mundialmente conhecido como CBDC (Central Bank Digital Currency), com o objetivo de trazer uma opção mais barata para a população desbancarizada, manter o controle dos ativos financeiros no País e criar uma regulação para o mercado de criptoativos. Com a ampliação desta tecnologia pelos Bancos Centrais no mundo, será possível realizar transferência de ativos ou dinheiro entre países sem a necessidade de intermediadores. O mais novo conceito introduzido na indústria de Serviços Financeiros é o das Finanças Descentralizadas, mais conhecido como DeFi (Decentralized Finance). Nesse ecossistema, já existem projetos como a de carteiras digitais que funcionam na blockchain e transacionam moedas descentralizadas e NFT (Nonfungible Tokens) no varejo, sem a necessidade de intermediadores. Essa é uma forte tendência para os próximos anos.
Conforme o executivo, a maioria dessas tecnologias tende a convergir e essa intersecção deve ocorrer concomitantemente ao open finance no Brasil. "Os pagamentos que utilizam o open banking ou moedas digitais, como o Bitcoin, já funcionam no Brasil. No entanto, a adesão ainda é baixa, por se tratar de tecnologias e conceitos relativamente novos. A expectativa é de que, a adesão a essas novas tecnologias aumente, conforme surjam novos casos de uso mais interessantes do open finance e de moedas digitais no Brasil ou haja estímulos maiores pelos órgãos reguladores", acrescenta Sassá.
No entanto, o diretor ressalta que, por mais vantajosas que sejam as novidades, é preciso driblar os obstáculos para obter sucesso com as inovações. Um desses pontos é a necessidade de mais investimentos em educação financeira no País. Para o diretor, os produtos que estão sendo oferecidos têm o objetivo de dar maior autonomia aos usuários, em contrapartida, é esperada compreensão adequada dos riscos assumidos com eles, para que não haja arrependimentos posteriormente.
"Além de entender com mais profundidade os detalhes dessas tendências, é preciso ter cuidado com a segurança dos usuários, para que tudo funcione da melhor maneira, tanto para os clientes quanto para as empresas, que também vão se beneficiar dessa expansão financeiro-tecnológica", finaliza Sassá.