Bill Gates, fundador da Microsoft, fez na semana passada um veemente apelo ao presidente eleito dos Estados Unidos, Barack Obama, para que aumente os gastos do governo para estimular a economia e ajudar as pessoas mais vulneráveis do país. Ao dizer que os EUA caminham para uma "recessão expressiva", o empresário observou que novos investimentos são fundamentais para melhorar a educação pública, especialmente em Washington, e na luta contra doenças.
Gates, que tem usado sua fortuna para construir a maior fundação do mundo, disse que a fundação irá aumentar o montante das suas bolsas no próximo ano, apesar da queda US$ 35 bilhões nas doações, causadas pela desaceleração econômica. Ele conclamou Obama a manter o compromisso de campanha de duplicar a ajuda externa dos EUA, de US $ 50 bilhões, até o fim de seu primeiro mandato.
"Em uma crise, existe sempre o risco de você sacrificar investimentos de longo prazo para ganhos de curto prazo", disse Gates em discurso na Universidade George Washington. "Você tem que procurar os dois [caminhos]. É preciso ter um objetivo maior do que fazer a economia crescer de novo. Acho que devemos ampliar o número de pessoas que estão contribuindo para a economia e se beneficiam da mesma."
Gates descreveu a crise financeira como uma oportunidade para a inovação, ao comparar o desastre econômico da década de 1970, que deu origem ao boom da tecnologia da informação na América, época durante a qual a Microsoft nasceu. "Tempos difíceis podem lançar grandes idéias", disse ele.
Em uma extensa entrevista ao Washington Post, Gates também lamentou o estado das escolas públicas, que já receberam centenas de milhares de dólares de sua fundação, apesar dos esforços feitos pela chanceler Michelle A. Rhee.
"É um trabalho muito árduo, e alguém teve que entrar na realidade e lembrar que os estudantes não estão recebendo o que merecem", disse ele de Rhee. "A ironia [é] que esta é praticamente a mais elevada despesa por aluno no país, e é a que apresenta a pior série de resultados dos estudantes no país", disse ele ao se referir à capital dos Estados Unidos.
O investimento da Fundação Gates, dirigida por ele e sua mulher Melinda Gates, em bolsas de estudo no ano passado somaram mais de US$ 400 milhões, cifra bastante pequena quando comparada com as despesas públicas. A dotação total da fundação, por exemplo, não seria suficiente para financiar as escolas públicas da Califórnia para um único ano.
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