Os meios de pagamento estão enfrentando uma série de desafios, como a concorrência intensa e as margens de lucro cada vez menores – ou até mesmo negativas. Durante o dia reservado às finanças do evento 5×5 TecSummit, organizado pelos sites Convergência Digital, Mobile Time, Telesíntese, Teletime e TI Inside, nesta quinta-feira, 8, Ana Karina Scarlato, vice-presidente de produtos da Mastercard, explicou o que a empresa de bandeira de cartões tem feito para se diferenciar neste novo mercado e ir além da oferta das tarjetas.
A Mastercard vem investindo na aquisição de empresas para acelerar este processo de diversificação de portfólio de produtos e serviços que vão além do cartão. Nos últimos anos foram investidos mais de US$ 5 bilhões nesse sentido.
A empresa vem investindo em basicamente três frentes: cibersegurança, inteligência de dados e open finance.
"O foco das aquisições tem sido uma busca de diversificação, mas também com o propósito de dar suporte aos nossos parceiros, clientes, independentemente do segmento e do seu tamanho, para que eles consigam fazer interações com os seus clientes de maneira mais simples e obviamente mais segura, que é o foco da Mastercard", explicou a executiva durante sua participação no 5×5 TecSummit.
Cibersegurança
A frente mais relevante para a empresa é a de cibersegurança. A companhia acredita em soluções com diversas camadas de segurança na transação para fazer a prevenção à fraude – identificar no momento (realtime) e detectar ciberataques –, ajudando a auxiliar na recuperação da confiança entre a empresa e o seu cliente.
"Quando o cliente tem o seu cartão fraudado, existe uma ruptura de confiança com a instituição por trás e que é difícil de ser restabelecida. O mesmo para os negócios, quando o estabelecimento é fraudado e tem uma outra ruptura de confiança. A gente tenta focar em soluções que estabeleçam e ajudem nas tomadas de decisões das empresas na hora de autenticar um usuário final", conta Scarlato.
Entre as soluções oferecidas estão score de risco, autenticação para garantir que o portador do cartão é o dono do cartão, monitoramento das atividades, entre outras. Vale dizer que muitas dessas ferramentas se servem de inteligência artificial – que acelera a detecção de fraudes em milissegundos, auxiliam na tomada de decisões e, consequentemente, ajudam a proteger o usuário final.
Open finance
Para acelerar o processo de open finance dentro da Mastercard, a empresa adquiriu a startup norte-americana Finicity. Sua função é auxiliar no compartilhamento de informações entre os participantes do sistema financeiro aberto e que será usada no Brasil.
"Estamos com o foco em oferecer soluções de infraestrutura de conectividade entre empresas e serviços de valor agregado com foco em meios de pagamento, captura do consentimento, no compartilhamento de dados e ferramentas de disputa e soluções de proteção. Nossa proposta também é apresentar soluções de como iniciar transação de Pix, de TED, de débito em conta, boleto, de modo que seja uma jornada simples, digital, além de levar para os clientes de forma amigável e segura", afirmou a VP de produtos da Mastercard.
Inteligência de dados
O investimento em inteligência de dados acaba permeando todas as outras frentes de novos negócios da empresa. As mais de 140 milhões de transações, por hora, realizadas na rede da bandeira, rendem um montante significativo de dados e exigem da empresa um tratamento cuidadoso para retornar essas informações, já tratadas, para seus clientes. "As aquisições que temos feito estão nos ajudando a nos posicionarmos em ajudar as empresas que, por sua vez, ajudará os clientes em tomadas de decisões baseados em informações", disse.
Cripto e identidade
Outras duas vertentes de investimento da Mastercard são as criptomoedas e a identidade digital.
Para as cripto, a empresa vem se posicionando como uma ponte entre as operadoras no mercado e os criptoativos. No caso, o cripto vai além do ativo e se torna, para a Mastercard, uma moeda de pagamento. Assim, suas soluções têm permitido as transações de modo que sejam seguras.
Um exemplo é a parceria com o Mercado Livre, que usa a tecnologia da CipherTrace, empresa adquirida pela Mastercard. Ela faz o monitoramento de potenciais crimes, mas ajuda a gerenciar a parte de compliance e de regulação de cripto também.
E, quanto à identidade digital, uma vertente que ainda está começando, a Mastercard oferece ID Network, que possibilita que os usuários gerenciem e usem sua identidade digital de forma segura e que seja 100% reutilizável.
Sua função será permitir um onboarding mais amigável, com pouca fricção; mostrar que os dados são do usuário (self sovereign ID, ou, em português, identidade autossoberana), que não ficarão em um repositório e que sua gestão depende do seu dono.