O cenário econômico atual é, sem dúvida, muito desafiador para o varejista que lida com a pressão crescente sobre seus custos e a tem que se reinventar para atrair novos clientes ou ampliar o volume de vendas. A tendência de crescimento de inflação e dos juros, em um ambiente de menor crescimento do PIB já podem ser sentidos, com a desaceleração da expansão do comércio, aliviada, por sua vez, pela manutenção do emprego, da renda e da melhor distribuição de riqueza dos últimos anos.
O processo de urbanização avançado no Brasil também tem apoiando o varejo e, cada vez mais, o comportamento de compra ganha novos contornos e passa a ocupar novos territórios que precisarão ser considerados pelos varejistas para não morrer pelo caminho.
A presença do comprador online é uma realidade, com cerca de 70 milhões de brasileiros fazendo alguma compra pela Internet e motivados cada vez mais por comunidades virtuais organizadas em redes sociais e muito próximas do candidato a comprador. Ou seja, a influência do click para compra vem de pessoas próximas e está cada vez menos associada à opinião do símbolo, prevalecendo a fase da supervalorização individual, em que nenhum varejista pode desprezar o potencial do meio digital para o crescimento de seu negócio. E a web trouxe a conveniência como a principal diferenciação a ser buscada, já que é nela que se baseia hoje a decisão do consumidor: comprar onde é mais rápido, fácil, próximo e, claro, acessível.
O conceito do Omni Channel, em que a tecnologia permite visualizar e integrar a gestão dos diferentes canais, é fundamental para varejistas de todos os portes e segmentos que buscam engajar seus consumidores com experiências de compra totalmente diferenciadas em relação ao modelo tradicional. É importante que as empresas estejam cada vez mais focados em oferecer uma experiência fora da curva que possa fidelizar seus clientes. Hoje o consumidor final quer se sentir cuidado, quer se reconhecer na marca e saber que ela está atenta as suas necessidades. Especialmente em um cenário de aperto fiscal e de mais concorrência, com entrada de players estrangeiros.
Os principais desafios na gestão do varejo para o próximo ano serão otimizar custos; lidar com formatos mais compactos, definir o portfólio mais rentável e de saída, alocar de forma mais inteligente recursos e repor de forma mais frequente suas mercadorias, para depender menos do "custo de estoque".
Outra frente desafiadora será tocar o comércio com a mesma eficiência de gestão que um banco de investimento, além de aprender a otimizar seus ativos: lojas, estoques, carteira de crédito e relacionamento com o cliente. Propor melhorias no modelo de canais, processos e regras de negócio, para acompanharem a evolução dos tempos e dos comportamentos. E, principalmente, não deixar de apostar na tecnologia como alavanca deste processo de gestão, que permita integrar as diversas frentes e dar as linhas para a tomada de decisão, visando o crescimento futuro do negócio, com menos perdas, melhores margens, fluxo de caixa e mais fidelidade dos clientes.
Jean Klaumann, VP de Operações da Linx.