Transformar os próprios grãos cultivados em uma espécie de 'moeda digital' para comprar máquinas e implementos já é uma realidade no agronegócio brasileiro. O produtor Wagner Cruvinel, de Silvânia (GO), está atualizando a frota da sua propriedade e pagou parte do seu novo trator T8, da New Holland Agriculture, por meio dos grãos transformados em ativos digitais lastreáveis. É a primeira vez que esse modelo de negócio acontece no Brasil.
A transação foi possível graças à parceria do Banco CNH Industrial, responsável pelos serviços financeiros da CNH Industrial, com a Agrotoken, empresa pioneira no mundo na tokenização de commodities agrícolas. A finalização do negócio aconteceu ontem (9/2), no estande da New Holland, marca da CNH Industrial, no Show Rural Coopavel, em Cascavel (PR).
A aquisição de máquinas e implementos agrícolas nesta modalidade durante a feira garantiu condições interessantes durante a negociação. "Com os grãos transformados em ativos digitais, foi possível negociar com o recurso que já tenho disponível no ecossistema da empresa", enfatiza Cruvinel.
A operação inédita no País representa o pontapé inicial para o comércio desse tipo de ativo digital no ramo de máquinas agrícolas. "Este é um grande passo para a New Holland e para a agricultura brasileira. Vivemos em um mundo em constante transformação e o campo não é exceção. A economia digital já faz parte de nossas vidas e esta é uma amostra do potencial de evolução e desenvolvimento que temos em nosso negócio", disse Eduardo Kerbauy, vice-presidente da New Holland Agriculture para a América Latina.
Como funciona a negociação em "grãos digitais"
A Agrotoken possui um ecossistema eficiente, seguro e confiável, que transforma a produção agroindustrial em ativos digitais lastreáveis. Na prática, a empresa transforma os grãos em um bem digital, para guardar ou trocar por insumos, serviços e outras possibilidades. Com os grãos físicos digitalizados na plataforma da Agrotoken – transacionados de forma segura por meio da tecnologia blockchain -, os grãos são convertidos em 'agrotokens' como crédito para o produtor usar em operações comerciais e financeiras, sempre com o apoio direto dos grãos, que tem seu valor atrelado ao preço da soja, milho e trigo.
Vinculados à origem da emissão do ativo físico, os agrotokens são lastreados em ativos reais, ao contrário dos NFTs. Isso significa que têm valor idêntico em todo o território nacional, independentemente de onde e por quem foram emitidos, conforme preço indexado em índices como Esalq, CEPEA/B3, Argus e Platt, paridade que a torna uma stable coin, ou seja, moeda de baixa volatilidade.
Recém-chegada ao Brasil, a Agrotoken tem como estratégia de mercado, tokenizar mais de 1 milhão de toneladas de grãos até o final do ano. "O mercado agrícola atualmente já é, e está cada vez mais, digitalizado. O que a Agrotoken oferece hoje, é mais uma ferramenta, para democratizar o agronegócio, tornando reais as transações com soja e milho", conclui Anderson Nacaxe, Diretor da Agrotoken no Brasil.