Um dos assuntos mais comentados do momento é a Automação Robótica de Processos (ou RPA – Robotic Process Automation), também chamada de robotização. Os comentários têm girado em torno dos mesmos temas: definição de robotização, qual tipo de empresa necessita da robotização, relação com a mão de obra humana, aplicação e, claro, quais as vantagens proporcionadas.
Por isso, vamos abordar neste artigo cada tema e tentar esclarecer o máximo de dúvidas.
Definição – Inicialmente, é preciso entender o que é a robotização ou "quem" é o robô. Trata-se de um software instalado em um computador que não altera a execução de processos, mas sim que executa as mesmas atividades de um profissional humano (opera o computador, usa o teclado, clica no mouse, acessa sites, faz pesquisas e também o "famoso Ctrl-C e Ctrl-V") com mais agilidade e precisão.
A principal diferença entre a robotização e a automação tradicional é que essa última necessitava da supervisão constante e ação humana em casos de falhas. Já a robotização é mais avançada por causa da flexibilidade para adequação às adversidades em caso de falha processual, sem dependência da ação humana.
Qual tipo de empresa necessita da robotização – Para definir se a robotização é viável, a empresa deve avaliar uma questão primordial: trabalha com alto número de transações de dados estruturados? Se a resposta for sim, deve adotar. Caso contrário, a adoção é desnecessária, pois não há adequação dos processos com dados não estruturados em grande parte das ferramentas de robotização. Sempre que possível, o ideal é transformar os dados em formulários padronizados e sem texto não estruturado.
Relação com a mão de obra humana – Recentemente, li a seguinte afirmação de Leslie Willcocks, professor de Trabalho Tecnológico e Globalização da Escola de Economia de Londres (Inglaterra): "O RPA extrai o robô do humano". E faz todo o sentido, com a ressalva que o robô não tem as características psicológicas e físicas do humano (não se distrai, não vai à reunião, não atende telefone, não sente cansaço ou sono, não precisa se alimentar e não fica doente), fato que impede qualquer tipo de erro em ação manual que seria impossível de corrigir (como seleção de célula errada em uma planilha com distorção ou exclusão de um dado primordial para a empresa).
Isso prova, ainda, que não há fundamento em uma reclamação recorrente que temos ouvido no mercado, mas que parte de pessoas desinformadas: "A robotização pode aumentar o desemprego porque o profissional ficará sem função".
Vantagens – Como a robotização se aplica a todo tipo de empresa que executa grande quantidade de ações repetitivas – principalmente em operações de finanças e RH -, devemos considerar que esse profissional vai se tornar "mais estratégico e primordial" ao migrar da atuação estritamente operacional (atividades mecânicas) para uma atuação mais estratégica e gerencial que realmente aumente o valor agregado dos negócios que compõem o "core business" da empresa.
Exemplo 1: Uma empresa que adota a robotização para terceirizar a formalização de contratos tem a capacidade de responder 10 mil clientes no período de 30 minutos com um robô. Para que isso fosse possível no mesmo período com a ação humana, seriam necessários 12 profissionais, os quais podem dedicar tempo à execução dos termos dos respectivos contratos, uma vez que a formalização já foi concluída.
Exemplo 2: Uma empresa que adota a robotização para a área de RH pode aperfeiçoar o seu processo seletivo, pois toda a validação de currículos e dados dos candidatos para análise do perfil (em relação às demandas da vaga) pode ser executado em uma hora. Um gestor de RH poderia levar de três a quatro horas executando tais ações manualmente e, com a robotização, fica livre para se ocupar em um estágio mais avançado do processo seletivo: a entrevista com os candidatos mais adequados e a posterior definição por quem será contratado.
Concluindo, se você deseja que a sua empresa, independentemente do setor de atuação, reduza o tempo de ocupação com tarefas manuais e, consequentemente, tenha otimização do trabalho da equipe, aumento de produtividade e escalabilidade com redução de custo em manutenção de tecnologia, só há uma alternativa: adotar a robotização.
Juliana Trindade, gerente de Projetos da Access Brasil.