Sentir não é artificial, é humano

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No meio de tanta tecnologia, o que mais me marcou foi o que não pode ser programado: o humano. Estive no Web Summit Rio 2025 cercada por inovações incríveis — agentes personalizados, robôs humanoides, inteligência artificial (IA) – como pauta de diversas palestras. Mas o que mais me tocou não foram os avanços tecnológicos em si. Foi perceber, com ainda mais clareza, que o futuro continua — e precisa continuar — sendo sobre pessoas

Aqui vão cinco pontos que me atravessaram e me fizeram repensar o agora e o futuro:

  1. Physical AI é o próximo nível de evolução

Após a IA generativa e os agentes inteligentes, a próxima grande evolução é sobre Physical AI, permitindo que robôs e dispositivos interajam com o mundo físico de forma autônoma e precisa. Com as tecnologias atuais, os hardwares voltam a ganhar protagonismo — criando novas possibilidades para auxiliar humanos nas mais diversas tarefas.  Isso significa, por exemplo, robôs que conseguem montar veículos, embalar produtos, circular em espaços sem supervisão, ou auxiliar pessoas com mobilidade reduzida. São máquinas que aprendem pela experiência e agem com maior noção de espaço, equilíbrio e lógica. No fim, porém, a evolução não é apenas sobre IA — é sobre a relação humano-IA. Ou seja: estamos falando de coevolução.

  1. Personalização sim, mas com propósito

Não basta coletar dados. É preciso entender o que eles significam para quem está do outro lado. "Estamos colocando tecnologia para melhorar a experiência do consumidor ou só para ganhar mais dinheiro?" Essa foi a provocação de Isabella Micali, diretora de Engenharia de Soluções na Salesforce. A personalização real busca conectar. Quando usamos tecnologia para compreender pessoas, criamos experiências com intenção, ética e sentido.

  1. Escutar é mais estratégico do que você pensa

As pessoas querem ser ouvidas. Automatizar processos é inteligente, mas escutar de verdade é indispensável. Na era dos bots, quem ouve com empatia se destaca. Pertencimento não se gera com sistemas, mas com presença. E presença é sobre atenção — um ativo raro e precioso.

  1. Atitude importa

Uma fala que me marcou foi a de Sara Sabry, astronauta. Ela mostrou como uma única atitude — como ousar sonhar alto — pode desencadear uma sequência de impactos reais, não só na sua vida, mas na de tantas outras pessoas. Toda escolha tem efeito. Não fazer nada também. Que nossas atitudes sejam sempre propositivas, intencionais e conscientes do impacto que podemos gerar.

  1. Para quem estamos programando tudo isso?

Avançamos em agentes, sensores, automações. Porém, em algum momento, precisaremos parar e perguntar: para quem isso tudo está sendo feito? Se a resposta não envolver pessoas, cuidado. Tecnologia sem intenção humana pode ser eficiente — mas carece de propósito.

A IA continuará a evoluir. O que vai definir o futuro do trabalho, contudo, é como nós, humanos, evoluiremos com ela. Que seja com mais escuta. Mais presença. Mais intenção. Porque, em última instância, é o ser humano que confere sentido a todo esse processo.

Patrícia Reed, Chief Human Capital Officer no Brivia Group.

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