O governo dos Estados Unidos fará uma revisão no tribunal nacional secreto de segurança do país e se comprometeu a tomar medidas para divulgar mais informações sobre os programas secretos de vigilância da Agência de Segurança Nacional (NSA). A informação, divulgada pelo The Wall Street Journal, foi dada pelo presidente americano Barack Obama, que realizou uma conferência nesta sexta-feira, 9, na Casa Branca, para debater as denúncias de espionagem feitas pelo ex-técnico da CIA, Edward Snowden.
De todas as mudanças propostas pelo presidente, a mais notável, segundo o jornal americano, é a que altera os procedimentos do Tribunal de Vigilância de Inteligência, introduzindo um porta-voz para articular em nome das liberdades civis. Além disso, Obama propôs um painel de alto nível para rever o atual sistema de vigilância do país e a divulgação das conclusões no fim deste ano. "Não é suficiente que eu, como presidente, tenha confiança nesses programas", disse Obama, ao acrescentar que espera, a partir dessas mudanças, transmitir para todos a confiança nos programas de vigilância dos EUA, defendendo que o sistema de segurança do país é necessário, importante e bem mais contido que o da maioria dos países.
A preocupação de Obama quanto à imagem dos programas ocorre principalmente por conta dos debates mundiais sobre a privacidade de dados desencadeados após as denúncias de Snowden. No Brasil, o jornalista norte-americano Glenn Greenwald, colunista do jornal inglês The Guardian que revelou o esquema de espionagem do governo americano com base em informações divulgadas pelo ex-técnico da CIA, revelou que a espionagem feita envolve cerca de 70 mil pessoas, acusando também operadoras brasileiras de telecomunicações de trabalharem com uma grande empresa americana que fornece dados para a NSA.
Greenwald também revelou em audiência pública conjunta das Comissões de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) do Senado Federal e da Câmara dos Deputados que o governo americano monitora comunicações eletrônicas dentro e fora do país sob pretexto de combater o terrorismo e garantir a segurança nacional, mas na realidade o objetivo seria obter informações privilegiadas sobre acordos econômicos, estratégias políticas e competitividade industrial de outros países. Já durante a conferência desta sexta, Obama desmentiu, insistindo que a NSA não tem interesse em fazer outra coisa senão tentar impedir atos terroristas. "Não temos interesse em fazer nada além disso."
Apesar do site americano Politico ter revelado na última quinta-feira, 8, que Obama se reuniu com o CEO da Apple, Tim Cook, e executivos de outras empresas na terça-feira, 6, para discutir sobre os programas de vigilância, o presidente não confirmou o encontro durante a conferência, nem se pronunciou quanto às acusações de que empresas de tecnologias e internet oferecem acesso direto a informações de usuários às agências de inteligência, tampouco falou sobre os pedidos de transparência que essas companhias fizeram a fim de provar sua 'inocência' no direto envolvimento com a espionagem.
Ótimo texto parabéns