Dados do estudo Meeting the Challenges of Deep Tech Investing, do Boston Consulting Group (BCG) e Hello Tomorrow, indicam que as Deep Techs, empresas de tecnologia focadas em inovações que podem trazer grande impacto positivo para a sociedade — como a Pfizer/BioNTech, que desenvolveu as vacinas de mRNA — quadruplicaram os investimentos recebidos entre 2016 e 2020, passando de US$ 15 bilhões para mais de US$ 60 bilhões. O estudo projeta que o valor pode atingir de US$ 140 bilhões a US$ 200 bilhões em 2025.
Segundo Otávio Dantas, sócio e diretor do BCG, as Deep Techs ainda são consideradas um investimento de nicho, mas há uma mudança de paradigma, pois o potencial de retorno dessas empresas é grande e deve movimentar o mercado nos próximos anos. "Não é simples prever quais Deep Techs vão ter sucesso, o retorno e o tempo dos investimentos em cada uma, mas o potencial é enorme e essas empresas estão crescendo mais rápido do que as previsões iniciais dos experts", explica.
De acordo com o estudo, as Deep Techs podem ser definidas em quatro pontos essenciais:
- Elas são orientadas para identificar os grandes desafios da sociedade e buscar soluções para eles. Noventa e sete por cento das Deep Techs analisadas contribuíram com pelo menos um dos objetivos de desenvolvimento sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU);
- Usam as principais tecnologias do momento, consolidadas ou não, para atingir o seu objetivo, como inteligência artificial, tecnologias quânticas e biologia sintética. Isso permite mais inovação e, em muitos casos, novas propriedades intelectuais (cerca de 70% das Deep Techs analisadas têm patentes para os seus produtos ou serviços);
- Elas migraram da inovação digital, baseada em bits, para a inovação digital e física, baseada em bits e átomos. Oitenta e três por cento dessas empresas estão construindo um produto físico, mas, ao mesmo tempo, sua expertise digital permite que impulsionem esses produtos e inovem ainda mais com o uso de inteligência artificial, machine learning e computação avançada;
- Elas são catalisadoras de um novo ecossistema de empresas de investimentos, pesquisa e desenvolvimento de soluções. Isso porque as Deep Techs desenvolvem serviços e produtos muito complexos, geralmente de grande escala, e que precisam, desde o início dos projetos, do apoio e financiamento de grandes instituições. Estima-se, por exemplo, que cerca de 1.500 universidades e laboratórios estão envolvidos em pesquisas para Deep Techs.
O estudo é o primeiro de uma série que vai analisar o potencial das Deep Techs ao redor do mundo, baseados no relatório The Deep Tech Investment Paradox: a call to redesign the investor model?.