Alexandra Reis*
As perspectivas animadoras verificadas em 2004 no mercado de serviços de TI no Brasil intensificaram-se em 2005, criando interessantes oportunidades. O ano de 2005 representou o pico de recuperação deste segmento perante o desaquecimento vivenciado entre 2002 e 2003, período em que foram registrados os priores desempenhos históricos de serviços de TI.
A concentração de mercado, que durante dois anos permaneceu relativamente estacionada, aumentou a partir de 2005, fato que ficou evidente por alguns movimentos de alianças, fusões e aquisições entre provedores de serviços de TI.
Seguindo a tendência de 2004, no ano passado os mercados de consultoria, integração e desenvolvimento apresentaram desempenhos satisfatórios, dado o grande número de projetos iniciados há dois anos.
Novamente, os mercados que claramente se encontram em ascensão são aqueles relacionados a serviços de terceirização, englobando os mercados de outsourcing total, data center, software como serviço e gerenciamento de aplicações, tendo este se destacado mais uma vez, como no ano anterior.
Terceirização em alta
No mercado de outsourcing, a IDC verificou que, durante o ano de 2005, diversos contratos assinados no começo da década entraram em fase de renovação e renegociação. Tal fato movimentou o mercado e, sobretudo, a competição entre os provedores de serviço, uma vez que, no ano passado, o número de provedores, cujas ofertas incluíam projetos de terceirização total de TI, era bem maior do que no começo da década. Isso favoreceu os usuários que se viram diante de uma oferta bem mais ampla de escopos de contrato e condições de negociação.
O elevado grau de insatisfação que muitos usuários manifestavam em relação a seus atuais provedores criou oportunidades para novos entrantes, e está fazendo com que muitos provedores tradicionais revejam diversos aspectos de suas ofertas para manter seus clientes.
Ainda dentro do mercado de terceirização, network e desktop outsourcing, um dos mais tradicionais entre os serviços analisados pela IDC desse modelo, foi favorecido pelo intenso movimento de renovação de base instalada que teve continuidade durante o ano de 2005. Seguindo a tendência já verificada em 2004, muitas empresas, ao decidir retomar seus investimentos em atualização de infra-estrutura, preferiram terceirizar seus ambientes a adquirir novos ativos.
Em relação à categoria de software como serviço, a IDC verificou as projeções se confirmarem. Apesar de ainda ser um mercado pequeno, quando comparado aos demais, esse segmento apresenta as maiores taxas de crescimento, características de mercados ainda pouco maduros e nas fases iniciais de seu ciclo de vida.
O gerenciamento de aplicações foi o que mais se destacou em outsourcing de TI. Novamente, o desempenho apresentado por esta categoria indica que este mercado ainda encontra-se em fase de crescimento de seu ciclo de vida. E, em 2005, houve a intensificação da oferta de serviços offsite (serviços remotos, oferecidos a partir do site do provedor de serviço).
Data center com full outsourcing
Já entre os serviços de hospedagem de infra-estrutura, a IDC tem identificado que um número cada vez mais reduzido de empresas se dedica exclusivamente à oferta destes. Como verificado em anos anteriores, provedores tradicionais cada vez mais têm se posicionado como provedores de outsourcing total de TI, que oferecem não somente hospedagem e gerenciamento da infra-estrutura de TI, mas também ambientes de aplicação, constatação que se faz presente ainda mais entre grandes clientes.
Uma exceção são as operadoras telecom, com destaque para as operadoras, que recentemente entraram na arena competitiva de serviços de TI com a oferta de data center. Apesar destas empresas terem como alvo grandes clientes, em um primeiro momento, o foco de suas ofertas em se dá predominantemente em hospedagem e gerenciamento de infra-estrutura. Isso em razão de essas empresas ainda não conseguiram obter mesmo nível de competência interna que alguns dos provedores tradicionais de data center atingiram em gerenciamento de ambientes de aplicações corporativas como ERP, CRM, SCM, BI, entre outras.
Em um estágio inicial, as operadoras têm procurado focar suas ofertas em infra-estrutura, buscando diferenciá-las por meio das suas já consagradas competências em gerenciamento de ambientes de telecom, assim como da sua grande capacidade de explorar conceitos como tecnologias convergentes e as crescentes sinergias que existem entre os ambientes de TI e Telecom.
Nos segmentos verticais, em participação de receita, os destaques em serviços foram os setores de finanças, manufatura e utilidades. O setor financeiro respondeu em 2005 por cerca de 28% dos gastos em tecnologia, manufatura por mais de 21% e telecomunicações por 19%.
A expectativa para os próximos cinco anos é que o mercado de serviços de TI no Brasil cresça a uma taxa anual média de 13,61%, com destaques para as categorias de software como serviço e gerenciamento de aplicações.
*Alexandra Reis é gerente de consultoria da IDC Brasil