Pesquisa feita pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) mediu o Índice de Maturidade Digital (IMD) das empresas nacionais em 2024. Mapeamento ouviu 6.933 negócios em todo o país, incluindo microempresas (MEs), empresas de pequeno porte (EPPs) e, de forma inédita, microempreendedores individuais (MEIs).
O levantamento analisou vinte perguntas associadas à maturidade digital, distribuídas em seis eixos estratégicos. São eles: conectar e engajar clientes; estabelecer novas bases de competição; construir uma organização orientada a dados; inovar mais rápido e colaborativamente; gerar mais valor para o cliente; e uso de tecnologias habilitadoras. Em uma escala que varia de 0 a 80 pontos, na qual a pontuação elevada indica alto nível de maturidade digital, as empresas pesquisadas obtiveram um índice médio de 35 pontos, indicando que ainda têm espaço para evoluir na trajetória rumo à transformação digital.
As empresas de pequeno porte apresentaram melhores resultados (42 pontos), apontando que estão mais preparadas para a dinâmica cada vez mais digital dos mercados. Elas foram seguidas, respectivamente, pelas microempresas (40 pontos) e MEIs (31 pontos).
Na análise por setor, "comércio" apresentou o melhor desempenho (36 pontos), seguido pelo setor de "serviços" (35 pontos) e pela "indústria" (34 pontos). Na visão regional, a região Sul apresentou a maior pontuação, 36 pontos. Já a região Centro-Oeste apresentou a menor pontuação, 34 pontos.
O estudo revelou que quase metade das empresas pesquisadas, 49%, criou ou lançou novos produtos/serviços por meio de canais digitais (WhatsApp, Instagram, Facebook, TikTok, site institucional, etc). Ainda, 51% das empresas informaram que utilizam mídias sociais para monitorar de que forma os clientes se relacionam com seus produtos ou serviços. As práticas relacionadas à utilização de mídias sociais podem ser consideradas a porta de entrada ao universo digital. São práticas simples, que não demandam uso de tecnologias complexas nem aquisição de hardwares e softwares. Por isso, a maioria das empresas as adotam.
Outro dado significativo apontado pela pesquisa é que 86% das empresas ouvidas têm acesso à internet de alta velocidade, o que indica avanços na conectividade básica das empresas e expansão da cobertura de internet no Brasil. No entanto o estudo também revelou que as práticas e estratégias de transformação digital ainda são pouco consolidadas entre os pequenos negócios. Apenas 27% das empresas possuem um sistema de gestão que integra as bases de dados de todas as áreas do negócio, 29% vendem produtos/serviços utilizando plataformas digitais ou e-commerce próprio, 34% possuem um sistema de cybersegurança e políticas de proteção de dados e 36% possuem um sistema de gestão de clientes e coleta dados de clientes.
A cultura colaborativa para ações inovadoras não é apontada como prioridade para a maioria das empresas: 74% não contam com a cooperação de outra empresa, startup, centro tecnológico ou parceiro para desenvolver um novo produto ou serviço. Além disso, 73% delas também não inovam na oferta de novos produtos ou serviços que tenham sido sugeridos por funcionários ou que eles tenham contribuído com ideias.
Os pequenos negócios desempenham um papel fundamental e relevante para o desenvolvimento econômico e social do Brasil. Elas são mais de 95% dos empreendimentos e respondem por 30% do PIB e por mais de 50% dos postos de trabalho existentes no país.
De acordo com Ricardo Cappelli, presidente da ABDI, "diante dos resultados da pesquisa, fica claro que é preciso apoiar a transformação digital dessas empresas, a fim de assegurar a sua inserção nessa nova realidade econômica. O governo federal atua diretamente nesse sentido com o Brasil Mais Produtivo, por exemplo. E a ABDI também possui mecanismos que orientam os empresários a evoluírem na digitalização, como o Jornada Digital".
Para Adryelle Pedrosa, Gerente da Unidade de Transformação Digital da ABDI, "a pesquisa revela que os pequenos negócios no Brasil ainda estão em estágio inicial de maturidade digital. Mais do que desafios, as constatações apontam oportunidades, pois demonstram que há um grande espaço para que essas empresas adotem tecnologias digitais. É crucial, no entanto, imprimir velocidade a esse processo. Para isso, ABDI e Sebrae desenvolvem em seu portfólio uma séria de ações para apoiar a transição digital das empresas".
Para Marco Bedê, Coordenador da pesquisa pelo Sebrae, "os dados indicam que os Pequenos Negócios avançaram bastante com o maior acesso à internet de alta velocidade, já que a maioria possui esta ferramenta implantada em toda a empresa. E isto foi bastante estimulado no período da pandemia. Porém, estas empresas ainda avançaram muito pouco no quesito cultural "Inovar mais rápido e colaborativamente", já que poucas contam com a colaboração dos empregados e com parcerias com outras instituições, na criação de novos produtos e serviços, o que é essencial para empresas digitais do futuro".