Prestes a se aposentar e deixar a IBM, o CEO Sam Palmisano esteve no Rio de Janeiro nesta quarta-feira, 9, em evento sobre cidades inteligentes realizado pela IBM, e defendeu que os líderes políticos enfrentam uma crise de identidade e gestão, que dificulta a adoção de sistemas de TI na gestão pública. Com isso, os projetos de sustentabilidade e otimização dos fluxos urbanos não são levados adiante quando implantados.
“Em primeiro lugar, os líderes não possuem ideologias. Eles querem as coisas feitas”, explicou Palmisano, enfatizando que o pragmatismo leva governantes a pensarem no curto prazo e, com isso, deixarem soluções inteligentes de lado. Dentre os 2 mil projetos da IBM focados na melhoria urbana, ele exemplificou que algumas cidades são exemplos em determinadas áreas, mas nunca em sistemas integrados que conseguem efetividade para melhorar a capacidade da cidade como um todo, em diversos aspectos.
Segundo Palmisano, isso acontece porque “as cidades se apaixonam por si mesmas” e deixam de lado a evolução e integração da TI de forma mais ampla na administração pública para perpetuar mudanças. Pode-se dizer que o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB), deixou isso implícito em seu discurso ao falar do Centro de Operações Rio (COR), que monitora a cidade ininterruptamente para atendimento preventivo de ocorrências. “Quando vejo realizações como o COR, tenho vontade de permanecer muitos anos na prefeitura”, disse.
Para reverter este cenário, Palmisano defende o foco deve ser pensamento a longo prazo e no legado que um esforço maior pode deixar às cidades, especialmente em países emergentes. “Há cem anos, tínhamos 16 cidades com mais de 1 milhão de habitantes. Hoje, são 450, sendo 66 ma América Latina”, destacou o executivo, mostrando que o crescimento das cidades, especialmente nos mercados em ascensão, irá demandar soluções tecnológicas para resolver problemas sociais.
Para ele, projetos bem-sucedidos devem seguir o conceito de “sistema de sistemas”, ou seja, uma única rede capaz de unir o trabalho e dados de todos os órgãos ligados à administração pública, traduzindo a tecnologia em ações. “O futuro já está aqui, só que mal distribuído”, afirmou Palmisano. “E a tecnologia já existe, só precisamos implantá-la”, completou Paes.
*A jornalista viajou ao Rio de Janeiro a convite da IBM