Varejo de celulares encolheu 21,9% no 2º trimestre de 2023, diz IDC

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Embora as vendas de aparelhos celulares no segundo trimestre de 2023 tenham sido 21,9% menores do que no mesmo período de 2022, levando a um faturamento inferior ao do ano anterior em 32,4%, aponta-se uma melhora na comercialização de produtos de entrada e equipados com tecnologia 5G.

"Os consumidores foram beneficiados com uma maior variedade de modelos com preço reduzido em relação à sua faixa de preço original ou por promoções. Além disso, a maior e mais acessível oferta de aparelhos com conectividade de quinta geração estimulou os resultados dessa categoria de smartphone, que vendeu cerca de 3,4 milhões de aparelhos – resultado 126% maior do que no mesmo período de 2022", diz Andréia Chopra, analista de Pesquisa e Consultoria de Consumer Devices da IDC Brasil, líder em inteligência de mercado, serviços de consultoria e conferências com as indústrias de Tecnologia da Informação e Telecomunicações,

Segundo o estudo IDC Brazil Mobile Phone Tracker Q2/2023, nos meses de abril, maio e junho deste ano, foram vendidos 8.861.360 aparelhos, sendo 381.956 feature phones e 8.479.404 smartphones, resultados 24,4% e 21,8% menores, respectivamente, do que no 2º trimestre de 2022. Desse total, quase metade dos produtos (3.498.406) está habilitada para 5G.

Com relação à receita, o 2º trimestre de 2023 atingiu R$ 13,15 bilhões, uma queda de 32,4% em comparação com o mesmo período de 2022, quando o segmento movimentou cerca de R$ 17 bilhões. "A diminuição na receita pode ser atribuída à considerável redução nas vendas de dispositivos durante o segundo trimestre. Adicionalmente, destacamos a maior concentração de aparelhos lançados no mercado com preços abaixo de R$ 1.500", esclarece Andréia.

A faixa de preço dos aparelhos mais vendidos no período foi a faixa de até R$ 999,00, que refletiram 47,4% do volume total de vendas, incluindo feature phones e smartphones. Entretanto, o ticket médio dos smartphones foi de R$ 1.543,00 – 13,6% menor do que nos mesmos meses de 2022. Na categoria de feature phones, foi o contrário e o preço médio dos aparelhos chegou a R$ 164,00, um aumento de 2,2%.

"Grande parte do volume de modelos disponível no mercado se manteve direcionado a essa faixa de preço, que tem demonstrado um desempenho melhor em vendas. Isso também se explica pela continuidade de valores promocionais implementados no trimestre anterior", informa a analista. "Em relação aos feature phones, é importante observar que ainda existe uma parcela da população que continua sendo usuária e não pretende mudar. Esse tipo de aparelho deve persistir por mais alguns anos."

Mercado cinza mais forte

Segundo o estudo da IDC, o mercado cinza vem consolidando sua presença de maneira preocupante para o comércio oficial. No período analisado, o chamado grey market representou um faturamento de R$ 772,2 bilhões, 4,54% mais do que nos mesmos meses de 2022. Em volume de vendas, foram 898.881 aparelhos, representando um crescimento de 4,1% no mesmo período de comparação.

"O comércio paralelo não apenas demonstrou resiliência, mas identificou novas estratégias de venda. Seu fortalecimento pode ser atribuído à acessibilidade em termos de preço e à diversidade de produtos com especificações mais avançadas, que competem de forma desleal com os smartphones do mercado oficial", alerta a analista.

A IDC Brasil recomenda que o consumidor final tenha cautela ao adquirir um smartphone, priorizando a segurança e a garantia da compra, especialmente no que diz respeito à certificação junto à Anatel. "Indicamos uma análise detalhada das informações fornecidas pelos vendedores, especialmente ao se deparar com aparelhos com preços consideravelmente abaixo da média. Essa disparidade de valores pode indicar potenciais riscos, como produtos falsificados, defeituosos ou sem garantia adequada", destaca Andréia.

Conclusões do trimestre

Para a IDC Brasil, os números apresentados no estudo IDC Brazil Mobile Phone Tracker Q2/2023 refletem uma redução no abastecimento de aparelhos no mercado devido ao baixo sell-out do primeiro trimestre do ano.

"Além de estoques cheios, devido à diminuição nas vendas do período, também podemos atribuir esses baixos resultados ruins ao aumento do ciclo de vida dos smartphones, que faz com que os consumidores mantenham seus dispositivos por mais tempo", conclui Andréia.

Projeção para a segunda metade do ano

Diante dos números de abril a junho, a IDC Brasil projeta que o terceiro trimestre deve apresentar uma pequena melhora, mas ainda abaixo do que no ano passado. Já nos últimos três meses do ano, as vendas de Black Friday e de Natal tendem a gerar resultados melhores. "As perspectivas para o mercado são mais otimistas em relação à Black Friday de 2023. Parte do abastecimento previsto para o terceiro trimestre deve refletir o volume necessário para atender à demanda durante essa data crucial para o comércio", diz Andréia.

Expectativas otimistas para 2024

No próximo ano, a IDC projeta um resultado geral superior ao de 2023, principalmente pela demanda reprimida do ciclo de trocas de aparelhos nos anos anteriores. "Esperamos que o 5G esteja mais estabelecido no mercado e com uma distribuição mais abrangente, em âmbito nacional. Apesar da extensão do ciclo de trocas de smartphones, entendemos que o consumidor pretende realizar a substituição do aparelho ao longo do próximo ano", avalia Andréia Chopra.

Para a analista da IDC, a aquisição dos celulares será motivada tanto pela atualização da tecnologia de smartphones habilitados com o 5G quanto pela crescente atratividade em termos de preço para modelos mais robustos em comparação aos anos anteriores.

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