A islandesa DataCell, responsável pelo processamento dos pagamentos do site WikiLeaks, declarou vai processar as bandeiras Visa e Mastercard por terem cancelado as doações ao site. Em comunicado, a empresa diz que os motivos apresentados pelas processadoras de cartões não são suficientes para sustentar a decisão de interromper o processo de recebimento das colaborações ao site, após ele ter revelado documentos confidenciais da diplomacia norte-americana.
Tanto a Visa quanto a Mastercard disseram que o cancelamento das doações ao WikiLeaks foi uma medida para garantir que a imagem das companhias não fosse arranhada por estarem ligadas ao site que vazou as informações sigilosas. As administradoras de cartões haviam anunciado que a medida duraria uma semana, mas poderia ser prolongada.
Em resposta, a Datacell afirmou não ver como o WikiLeaks possa causar qualquer tipo de dano às empresas, visto que "claramente não é a vontade dos seus clientes parar com as doações". O CEO da companhia islandesa, Andreas Fink, autor do documento, diz ainda que o cancelamento das doações pode causar um dano muito maior às bandeiras de cartões, visto que se trata de uma "clara violação" do acordo entre clientes e empresas.
Fink critica duramente as empresas, pois acredita que companhias de porte mundial não deveriam se envolver em política e muito menos ceder a pressões e interesses governamentais. "Acredito que elas deveriam esquecer a política e se concentrar apenas em suas atividades, naquilo que são boas – transferir dinheiro. Elas nunca tiveram problema em aceitar doações para sites de jogos ou serviços de pornografia, então não vejo como um site que presta serviços aos direitos humanos [o WikiLeaks] possa ser moralmente pior", atacou o executivo.
O presidente da DataCell não menciona os ciberataques que tiraram os sites da Visa e da Mastercar do ar. Os hackers, que não se identificaram, mas assumiram a autoria do ataque, batizado de Operation Payback (operação troco, em tradução livre), comemoraram o "sucesso" da operação e disseram se tratar de uma represália pelas retaliações ao WikiLeaks (veja mais informações em "links relacionados" abaixo).
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