O grupo Lottomatica S.p.A., que opera as loterias na Itália, e a GTech Holdings, empresa especializada na operação de sistemas lotéricos e que desde 1997 respondia pelo processamento dos sorteios da Caixa Econômica Federal, anunciaram a assinatura de um acordo nesta terça-feira (10/1) por meio do qual a companhia italiana adquirirá 100% do capital da GTech. O negócio está avaliado em ? 4 bilhões (US$ 4,8 bilhões) e inclui a absorção das dívidas totais da GTech.
Pelos termos do acordo, já aprovado pelos conselhos de administração das duas empresas, a Lottomatica pagará US$ 35 pelas ações em poder da GTech, que representam um prêmio de 15% sobre o valor de fechamento dos papéis da empresa no dia 9 de setembro de 2005, último dia em que as ações da GTech foram negociadas antes do conselho de administração anunciar que havia decidido buscar alternativas estratégicas para a companhia.
A GTech tem atualmente cerca 132,8 milhões de ações em seu poder, em uma base inteiramente diluída, que incluem opções e ações que podem ser emitidas para conversão de dívidas. No Brasil, onde apura 8% do faturamento mundial, a companhia é alvo de investigações, sob a suspeita de ter subornado petistas ligados ao ex-ministro José Dirceu e ao ministro Antonio Palocci, por meio de Rogério Buratti ? ex-assessor do ministro da Fazenda quando este era prefeito de Ribeirão Preto (SP) ?, para renovação do contrato por 25 meses ? e sem licitação ? do serviço lotérico que já prestava à Caixa.
Com a compra, a Lottomatica se tornará uma das principais operadoras de loterias do mundo, com operações em 50 países e aproximadamente 6,3 mil empregados. O grupo italiano estima que com a fusão dos ativos, as receitas e o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortizações), com base nos resultados das duas empresas em 2005, ficarão entre de ? 1,6 bilhão (US$ 1,9 bilhão) e ? 700 milhões (US$ 840 milhões). Em seu ano fiscal encerrado em 26 fevereiro de 2005, a GTech registrou receitas e lucro líquido de US$ 1,25 bilhão e US$ 196 milhões, respectivamente.
A conclusão da transação é prevista para ocorrer em meados do ano e está sujeita a aprovação dos acionistas da GTech e dos órgãos reguladores italianos e de outras condições habituais.