A arrancada da digitalização, registrada a partir da pandemia, ajudou a colocar a blockchain no centro do universo da tecnologia e da internet. Anteriormente associada às operações de criptomoedas, ela avançou em mercados que até então se mostravam refratários, até por falta de entendimento de que ela é apenas a base para muitos – senão todos – os negócios realizados pela internet. Ancorada no uso da blockchain, cresce a tokenização de ativos, que são representações digitais de ativos reais e cujo valor financeiro depende do valor do ativo que representa. Além de criptomoedas, a negociação a partir de ativos tokenizados já é uma realidade em mercados diversos como no financeiro, no imobiliário, nas artes e em propriedades intelectuais como um todo, mas também na comercialização de carros e equipamentos. O ano de 2022 foi um marco no avanço do uso da blockchain.
A criação da B3 Digital Assets Serviços Digitais, pela B3 (Bolsa de Valores do Brasil) e cuja operação foi autorizada pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários), é um exemplo disso. Embora tenha sido criada, em junho último, com o objetivo de incorporar o segmento de ativos virtuais à linha de produtos e serviços da Bolsa de Valores, seu impacto vai bem além disso, dando uma sinalização importante para o mercado financeiro como um todo.
Também neste ano, foi aprovada a emissão de debêntures e de um FIDC (Fundo de Investimento em Direitos Creditórios) tokenizados, ou seja, registrados digitalmente em uma rede blockchain – lembrando que esta tecnologia funciona como um cartório digital, em que os dados são criptografados e distribuídos, e se configuram como um registro único, que não pode ser alterado e pode ser acessado por todos envolvidos numa determinada operação, garantindo segurança e transparência ao processo.
esses exemplos indicam que, a partir do momento que grandes instituições financeiras começam a participar de operações com ativos tokenizados – e este movimento ainda está no início -, ganham adesão e credibilidade a tokenização e também o uso da blockchain. Para além dos criptoativos, a tokenização dos negócios alcança diversos mercados, como o imobiliário e de artes, com muitas obras sendo negociadas por meio das NFTS (ativos não fungíveis).
Nesse contexto, a blockchain, a base de tecnologia para a tokenização, está se tornando uma importante aliada dos negócios, inclusive no segmento de leilões online. Ela beneficia a todos, desde as empresas nas relações B2B, e também os usuários finais. Sua função é permitir a distribuição, a negociação, a realização de transações e o rastreamento de tokens digitais (o dinheiro digital), para permitir que diversas cadeias de atividades correntes em tempo real aconteçam e participem de uma rede de negócios confiável, operando de forma colaborativa e obrigadas a cumprirem regras de consenso predefinidas.
Além disso, a tecnologia blockchain tem o potencial de reduzir muito os custos atrelados à operação que está sendo realizada, com a vantagem de proporcionar para todo o ecossistema que a utiliza uma verificação mais simples e até instantânea sobre o que está sendo realizado. Ao operarem, de forma integrada, dentro de uma plataforma blockchain registradora fornecida automaticamente para realizar diversas verificações que, de outro modo, seriam feitas de forma isolada, reduzindo-se reduz drasticamente o tempo e os custos das operações. Como todo o processo de verificação é incorporado ao código, todos os dados averbados pelas partes nos contratos têm sua integridade e jornada asseguradas em cadeias de atividades de colaboração.
Não seria surpresa, portanto, se, muito em breve, os marketplaces, sejam eles voltados a empresas ou ao consumidor final, se conectem a uma rede blockchain para simplificar a jornada de compra e venda de serviços online e para conferir segurança a todo o processo.
O fato é que todos nós deveríamos estar investigando e pensando de que forma a blockchain muda todo o jogo até agora na Internet e como ela pode impulsionar um benefício de excelência para toda uma sociedade, levando ao ambiente digital as garantias reais que nós – os verdadeiros donos da internet – precisamos.
Bem-vindos à Web 3.0!
Ronaldo Sodré Santoro, fundador e Head de Produtos Digitais e Tecnologia da rede Bomvalor.