EUA bloqueiam exportações de chips para supercomputador chinês

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Autoridades norte-americanas têm bloqueado as exportações de tecnologia para o desenvolvimento pela China do mais poderoso supercomputador do mundo o Tianhe-2 (o nome significa Via Láctea), que está previsto para ser totalmente concluído neste ano. A obstrução representa um duro golpe para a Intel e outros fornecedores de hardware, e adiciona mais tensão na relação entre os dois países.

Além disso, quatro centros técnicos chineses que trabalham no projeto do supercomputador foram incluídos em uma lista do governo americano de entidades contrárias às diretrizes de segurança e aos interesses da política externa dos EUA. Foram listados os centros nacionais de supercomputação localizados nas cidades de Changsha, Guangzhou e Tianjin, bem como a Universidade Nacional de Tecnologia de Defesa, em Changsha.

O Tianhe-2, que é equipado com dois tipos de microprocessadores da Intel, e o modelo anterior do supercomputador, o Tianhe-1A, "têm como objetivo o uso em atividades nucleares", segundo um memorando datado de 18 de fevereiro postado pelo Departamento de Comércio dos EUA.

O reflexo disso é que, em meados de setembro do ano passado, a Intel teve negada uma licença de exportação para fornecer mais chips para o projeto de supercomputador, disse o porta-voz da Intel, Chuck Mulloy, na terça-feira, 7, ao The Wall Street Journal. Ele ressaltou, porém, que a fabricante de chips está em conformidade com a lei americana.

Para vender novos chips aos centros chineses, para que atualizem o sistema, a Intel tem de obter uma licença de exportação. E essas licenças "geralmente estão sujeitas a uma política de negação", de acordo com o memorando do Departamento de Comércio.

Segundo Mulloy, ao contrário do que presumem as agências dos EUA, a Intel tem lidado com a fabricante de computadores chinesa Inspur, em vez de diretamente com os centros técnicos do governo comunista. Segundo ele, a empresa foi informada em agosto pelo Departamento de Comércio de que para obter uma licença de exportação ela seria obrigada a fornecer chips associados a projetos de supercomputadores divulgados anteriormente.

O Tianhe-2 por dentro

Projetistas do Tianhe-2 afirmam que o supercomputador será usado principalmente para projetos científicos, como o mapeamento do Genoma Humano. Em 2013, ele superou os EUA na disputa pelo mais poderoso supercomputador do mundo, de acordo com a lista Top500 de computadores mais potentes.

O supercomputador, que está instalado no Centro Nacional de Supercomputadores em Cantão, pertencente à Universidade de Tecnologia de Defesa, foi construído na forma de uma rede com 16 mil nós, cada um com um par de processadores Intel Xeon. No total, são 3,1 milhões de núcleos de processamento. Juntos, eles são capazes de realizar quase 34 quatrilhões de cálculos matemáticos por segundo (ou petaflops).

O bloqueio acontece em um momento em que o governo chinês está prestes a adotar novas medidas para a compra de produtos e serviços estrangeiros por órgãos estatais, como parte da lei antiterrorismo que o país pretende implantar, e que devem dificultar sobremaneira a realização de negócios na China.

Procurados pelo jornal americano, o Departamento de Comércio dos EUA, o Ministério da Indústria e Tecnologia da Informação da China, os três centros técnicos e a Inspur não responderam aos pedidos para comentar o assunto. O Centro Nacional de Supercomputação em Guangzho também não quis atender a reportagem.

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