Um levantamento detalhado da adoção de soluções tecnológicas de código aberto pela sociedade, governo, mercado e a academia será apresentado nesta sexta-feira (11/5) em Bruxelas, capital da Bélgica, durante o 2º Workshop Internacional do projeto científico Free Libre Open Source Software (FLOSSWorld), que reúne 17 organizações que representam o governos, desenvolvedores e pesquisadores de 12 países de todo o mundo.
O projeto FLOSSWorld é financiado pela Comissão Européia e envolve países como o Brasil, Argentina, Bulgária, China, Croácia, Índia, Malásia e África do Sul, além da Holanda, Inglaterra e Espanha.
No Brasil, duas instituições fizeram o levantamento sobre o uso de tecnologias abertas, chamadas no mundo tecnológico de 'open source'. O Instituto Nacional de Tecnologia da Informação (ITI) aplicou os questionários elaborados pela Universidade de Maastricht, da Holanda, nos órgãos de governo. E a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) fez o levantamento junto a instituições de ensino superior, desenvolvedores e empresas.
É a primeira vez, depois de encontros regionais realizados no ano passado e neste ano, que todos os parceiros se reúnem para consolidar os dados da pesquisa sobre o impacto do software de código aberto. Foram dois anos de anos de trabalho, período no qual os parceiros estudaram a capacidade humana e o atual estágio de maturidade das comunidades de desenvolvedores de 'open source', bem como o uso do software livre nos governos.
Na avaliação do presidente do ITI, Renato Martini, o resultado final do projeto FLOSSWorld, que será apresentado em Bruxelas, ajudará o Brasil a definir sua política tecnológica, além de permitir que se tenha uma visão real do uso do software livre em países com nível de desenvolvimento econômico semelhante ao do Brasil. "É a primeira vez que se tem uma visão global do mundo ?open source?. É um trabalho muito útil não só para avaliar o que melhor nos convém, mas também para dirigir um olhar para o que é feito em países com desenvolvimento tecnológico parecido como nosso", disse Martini, que está em Bruxelas para subsidiar a apresentação da América Latina.
O relatório regional da América Latina, que inclui os dados brasileiros, será apresentado pela entidade civil Usuaria, sigla para Asociación Argentina de Usuarios de Informatica e Comunicación. No resultado do estudo brasileiro, está o levantamento feito no governo pelo ITI, que obteve a resposta de 23 órgãos de governo, dentre eles ministérios, prefeituras, judiciário e empresas públicas. Também será divulgado o estudo liderado na Unicamp pelos pesquisadores Rubens Queiroz de Almeida e Hans Liesenberg, que obtiveram resposta de 74 administradores e coordenadores de instituições de nível superior, 543 desenvolvedores e 363 empresas.
O projeto científico Free Libre Open Source Software (FLOSSWorld), patrocinado pela União Européia (UE), terá suas conclusões divulgadas em julho, quando os relatórios finais estarão compilados. Na quinta-feira (9/5), na reunião dos parceiros regionais que participam do worshop, ficou acertado que ainda falta definir a natureza da atividade e a representatividade das instituições que usam software livre nos 12 países onde a pesquisa foi realizada. Segundo o coordenador do estudo, Rishab Ghosh, essa informação é imprescindível para que o estudo mostre fielmente qual é o cenário mundial do impacto do uso de tecnologias 'open source'.
O relatório final do projeto FLOSSWorld será dividido em três eixos: estudo do estágio de desenvolvimento das ferramentas tecnológicas que usam código aberto, seja em comunidades independentes, universidades e mercado; estudo das diferenças regionais no uso de software livre; e qual é o papel das autoridades de governo na condução de políticas de tecnologia da informação, bem como a extensão do uso de tecnologias 'open source' no âmbito dos governos.