O volume de fusões e aquisições envolvendo empresas do setor de Tecnologia da Informação (TI) caiu 24% nos nove primeiros meses deste ano, em relação ao mesmo período do ano passado, passando de 541 para 409 transações em todo o Brasil, segundo levantamento do portal Fusões & Aquisições. Apesar de o setor ter sido o que mais atraiu investimentos em setembro, respondendo por 46 das 124 operações realizadas no país, no acumulado do ano o saldo ainda é negativo.
"O mercado nacional acompanha a desaceleração do setor de tecnologia que ocorre em todo o mundo. A atividade global de M&A no segmento caiu 6% no segundo trimestre de 2023 em relação ao trimestre anterior, chegando ao nível mais baixo em quase três anos, de acordo com dados da CB Insights", destaca o economista Adam Patterson, sócio da Redirection International, empresa especializada em assessoria de fusões & aquisições.
Ele ressalta que o mercado de M&A, de um modo geral, ainda tenta se recuperar dos desafios impostos ao longo do ano passado e que afetaram negativamente o ambiente de negócios ao redor do mundo. Entre os fatores, destaque para o aumento das taxas de juros, a instabilidade geopolítica com conflito entre Rússia e Ucrânia e as preocupações com a economia global, por exemplo.
Com o cenário instável e o mercado desaquecido, as avaliações globais das empresas de tecnologia também estão sob pressão, alerta Adam Patterson. "Os múltiplos de receita de Saas, que é uma base para avalições de tecnologia mais amplas, estão nos níveis mais baixos desde 2016. A desvalorização também é vista em múltiplos de receita médios que estão atualmente em 6,3x, bem abaixo das médias de 2021 e 2022, com múltiplos de 15,5x e 8,1x respectivamente", explica.
De acordo com o economista, após este período de desaceleração contínua nas fusões e aquisições no setor, a expectativa é que haja uma estabilização nos valuations, o que pode fomentar as atividades de M&A e atrair novos investimentos nos próximos meses.
"As grandes empresas de tecnologia continuam enfrentando pressões dos reguladores globais, mas, em geral, elas têm balanços financeiros mais saudáveis do que tinham em períodos anteriores de recessão, especialmente depois das demissões em massa observadas recentemente. Além disso, muitas ainda estão planejando aquisições estratégicas e isso vai depender, é claro, das condições macroeconômicas. Por outro lado, os investidores financeiros ainda têm grandes quantidades de capital para investir e podem aproveitar este momento de avaliações mais baixas".
Os modelos de avaliação de startups e empresas de tecnologia são o tema da publicação internacional "A Practical Guide for Startup Valuation: an Analytic Approach", que reúne especialistas de todo o mundo para discutir a aplicação e exemplos práticos e úteis sobre o assunto. Um dos autores convidados é o economista Adam Patterson, responsável por dois capítulos da obra, nos quais ele aborda como fazer valuations de startups mais assertivos, usando métodos tradicionais aliados a princípios inovadores e modelos estatísticos.
