O setor de saúde tem experimentado uma revolução tecnológica nas últimas décadas, e a computação em nuvem emergiu como uma das ferramentas mais poderosas para transformar a maneira como os dados são armazenados, acessados e protegidos. Em um ambiente onde a confidencialidade e a integridade das informações são cruciais, a nuvem se apresenta não apenas como uma solução eficiente, mas também como um recurso estratégico.
Esse cenário tem aumentado a adoção dessa ferramenta pela assistência médica, que, de acordo com o estudo Healthcare Cloud Computing Market, deve ter um acréscimo no investimento, passando de US$ 53,8 bilhões em 2024 para US$ 120,6 bilhões até 2029.
Diariamente, hospitais, clínicas, laboratórios e farmácias lidam com grandes volumes de dados sensíveis. São milhares de prontuários médicos, históricos de pacientes e resultados de exames que contêm informações que, se expostas, podem causar danos irreparáveis à privacidade dos indivíduos e à reputação das instituições. Com o aumento dos ataques cibernéticos e das regulamentações, como a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados?Pessoais) no Brasil e o HIPAA (Health Insurance Portability and Accountability Act) nos Estados Unidos, a necessidade de proteger esses dados nunca foi tão urgente.
Porém, de acordo com uma pesquisa conduzida pela Forrester Consulting em nome da Tenable, no Brasil, 78% dos decisores em segurança da nuvem afirmam que suas nuvens, especialmente instâncias públicas e híbridas, são a maior área de risco de exposição da organização. Ou seja, apesar das vantagens, a adoção da nuvem também apresenta desafios. A transferência de dados para terceiros exige confiança no provedor e políticas claras de governança.
Casos como o da Drogaria Araujo mostram como soluções de segurança cibernética podem ser implementadas com sucesso. A maior rede de farmácias de Minas Gerais conseguiu reduzir custos em 25% enquanto fortalecia sua postura de segurança. A drogaria hoje gerencia sua superfície de ataque híbrida, composta por mais de 7.600 ativos, é capaz de identificar vulnerabilidades críticas e priorizar ações corretivas com base no risco, uma abordagem essencial em um ambiente no qual a proteção de dados dos consumidores é prioridade.
O exemplo real da drogaria reforça como a segurança baseada em nuvem, quando bem implementada, pode ir além da proteção, tornando-se um recurso estratégico para instituições de comércio e saúde.
À medida que novas tecnologias, como a inteligência artificial e o aprendizado de máquina, se integram ao cuidado com os pacientes, o papel da nuvem se tornará ainda mais central. Com investimentos contínuos em inovação e segurança, ela pode redefinir os padrões de proteção, garantindo que a saúde digital seja acessível, eficiente e segura para todos.
Essa transformação exige, no entanto, que governos, empresas e profissionais da saúde trabalhem juntos para criar um ecossistema que priorize a segurança sem comprometer a acessibilidade e a eficiência dos serviços. Afinal, em um mundo digital, a confiança na proteção dos dados é tão vital quanto o próprio cuidado médico.
Alejandro Dutto, diretor de Engenharia de Segurança da Tenable para América Latina e Caribe.