O ano de 2011 foi marcado por grandes crises econômicas, principalmente na Europa, com a queda de governos ditatoriais, corrupção, greves e manifestações em busca de democracia. No Brasil, a crise econômica mundial não teve grandes impactos, porém tivemos muitas reviravoltas na política do novo governo de Dilma Rousseff, como a “faxina ministerial” que observamos nos últimos meses. Neste ano, os brasileiros sentiram que o País deve passar por um processo de reestruturação, principalmente na política, para crescer, desenvolver e concorrer fortemente frente aos demais players globais.
No setor de Tecnologia da Informação (TI), especificamente, um novo cenário está formado e os investimentos em tecnologia já ganham espaço. O segmento foi marcado por otimismo, com anúncios de abertura de novas indústrias e empresas que se instalam em território nacional, grandes investimentos e promessas, como o início da produção de iPhones e tablets no País, a expansão das redes de telefonia móveis e a popularização da Internet banda larga, com o Programa Nacional de Banda Larga (PNBL). Estes últimos devem ser prioridade do setor até 2013 para a cobertura e transmissão das informações, a nível global, dos mega-eventos que ocorrerão no País.
Neste ano, o setor de TI foi contemplado também com o anúncio do conjunto de medidas que constitui a nova Política de Desenvolvimento Produtivo, popularmente chamada de política industrial, para o período de 2011 a 2014, e lançada pelo Governo Federal sob a marca de Brasil Maior (que remete a um “Brasil Grande”).
A nova política industrial trouxe importantes avanços e muitos pontos de atenção. Um dos aspectos principais é a desoneração da folha de pagamento para segmentos específicos, incluindo o setor de TI. No pacote anunciado pelo governo, as empresas do segmento deixarão de recolher 20% sobre a folha de pagamento e passarão a recolher 2,5% sobre o valor total de faturamento. A desoneração ajudou a aumentar o número de contratações CLT e a diminuir a informalidade.
No que se refere às áreas de pesquisas, inovação e desenvolvimento para o setor, foi divulgado um aumento dos recursos direcionados à Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) deve repassar à entidade R$ 2 bilhões para ampliação do financiamento à inovação.
Para 2012, observamos que as empresas de serviços de TI tendem a crescer e aumentar os investimentos em modernização. Os grandes eventos mundiais, como a Copa do Mundo e as Olimpíadas, que ocorrerão em 2014 e 2016, respectivamente, incentivam o crescimento e desenvolvimento do setor.
As empresas, por sua vez, devem ficar atentas às oportunidades de expansão para maior competitividade no mercado. Para este ano, estão previstas mais parcerias empresariais, fusões e aquisições, como a recente compra da LCD Sony pela Samsung. Essas estratégias de negócios têm evidenciado uma forte demanda do mercado em busca de inovação, com novos serviços e produtos. Neste cenário, as micro, pequenas e médias empresas devem aproveitar a oportunidade para apresentarem soluções e ferramentas diferenciadas. Este processo deve ser contínuo e com investimentos específicos, contribuindo para o fortalecimento e crescimento do mercado brasileiro.
Definitivamente, o ano de 2012 será de alta movimentação, refletindo um Brasil que, segundo projeções de especialistas do Centro para Pesquisa Econômico e Negócios (CEBR), já é a sexta maior economia do mundo, superando grandes mercados mundiais, como a Reino Unido e Itália. Mas nos dias de hoje não basta “estar” grande, o País deve estar preparado para o crescimento e desenvolvimento desejado. Assim, esperamos que o desempenho dos setores econômicos esteja alinhado com as expectativas positivas que se desenham e que no próximo ano se enfrentem os gargalos de infraestrutura que restringem o crescimento do País.
*Marcos Sakamoto é presidente da Associação das Empresas de Tecnologia da Informação do Estado de São Paulo