As remessas mundiais de PCs registraram queda de 6,4% no quarto trimestre do ano passado, com um total de 89,8 milhões de unidades entregues, de acordo com levantamento da IDC. O índice é dois pontos percentuais maior que a estimativa de 4,4% de retração feita anteriormente pela consultoria. Apesar de o Windows 8 ter chegado ao mercado no período — tradicionalmente o lançamento de uma nova versão do sistema operacional tem impacto positivo nas vendas de PCs, já que a plataforma da Microsoft equipa a maioria dos computadores no mundo —, ele não foi suficiente para impulsionar a demanda. Além disso, pela primeira vez em mais de cinco anos houve um declínio na época de vendas mais aquecidas, que são as festas de fim de ano.
Mas para os analistas, o recuo não chegou a ser propriamente uma surpresa, pois há tempos as vendas de PCs vêm registrados quedas. Consumidores e fornecedores cada vez mais se voltam para tablets e smartphones. Além disso, o uso de computadores com telas sensíveis ao toque com o novo Windows ainda não conseguiu fazer frente à experiência de uso do touchscreen em tablets.
“Apesar de o terceiro trimestre ter sido marcado pela 'queima' dos estoques do Windows 7, pesquisas preliminares mostraram que isso não foi suficiente para estimular a migração para a nova versão do sistema operacional no período seguinte”, explica o analista de pesquisa sênior da IDC, Jay Chou. “Perdidos na mudança para promover um produto cujo centro é a tela touchscreen, os fabricantes não reforçaram outros atrativos do sistema, como uma melhor experiência do usuário, mais segura e confiável”, completou.
O anlista espera uma melhoria no cenário ainda neste ano, na medida em que os preços dos ultrabooks — notebooks ultrafinos de altíssimo desempenho e telas touchscreen — caiam e o Windows 8 amadureça. “Consumidores esperavam PCs atraentes com capacidades semelhantes ao tablet. Em vez disso, viram PCs tradicionais com um novo sistema operacional otimizado para telas de toque, com aplicativos e hardware ainda não totalmente preparados para utilizar esses recursos”, acrescentou o diretor de pesquisa da IDC nos EUA, David Daoud.
Apesar da retração geral nas vendas de PCs, a Lenovo fechou o ano com aumento de19,2% de participação de mercado, com a venda de 54,4 milhões de computadores. A fabricante chinesa ficou na segunda posição no ranking, com market share de 14,9%, atrás da HP, que, apesar do declínio de 6,7% na quota de mercado, encerrou o ano com 58,1 milhões de PCs vendidos e 16,5% de market share.
Na terceira colocação aparece a Dell, com redução de 12,6% na participação de mercado, que totalizou 11% com 38,7 milhões de máquinas embarcadas. Acer e Asus vêm na sequência, com 9,5% e 6,8% de market share, respectivamente.