A primeira roda de negociação da Campanha Salarial 2017 dos profissionais de processamento de dados, que aconteceu nesta terça-feira, 10, em São Paulo, o Seprosp, que representa a classe patronal, sugere a redução de salários e o corte de direitos já garantidos pela convenção coletiva.
Segundo o Sinpd, que representa os empregados, "o cenário positivo no qual o setor se encontra, o sindicato patronal ofereceu reajuste de apenas 3,5% acrescido de abono salarial de 10% a ser pago em outubro. Refutado pelo Sindpd, que pleiteia a correção acumulada do INPC de 2016 acrescida de 3% de aumento real, o reajuste será novamente debatido na próxima rodada".
Além de propor o reajuste menor do que a inflação," uma série de impropriedades foram postas à mesa. Entre elas, a alteração do parágrafo que impõe a renovação da PLR às empresas que já oferecem o benefício". A proposta da desobrigação de uma das conquistas mais valorizadas pela categoria reflete a posição dos patrões em retroceder nos direitos já consolidados. Na tentativa de beneficiar as empresas às custas dos empregados, a multa de atraso no pagamento do salário – hoje estipulada em 2% ao dia e limitada a 20% por mês – foi questionada. Após sugerir a alteração de cláusulas importantes para a categoria, como as que tratam sobre o vale-refeição e a assistência médica, o sindicato patronal refutou todas as cláusulas referentes aos benefícios sociais reivindicados pelo Sindpd.
Para Antonio Neto, presidente do Sinpd, a contraproposta absurda expõe o espírito pessimista e retrógrado do patronato. "O fato do índice não chegar sequer à metade da inflação é uma proposta clara de redução salarial. Garantir a inflação do período não é ganho, é reposição. E é o mínimo que iremos buscar para começar a negociar. Também não podemos aceitar o corte de direitos. A PLR e o VR, por exemplo, foram conquistados através de árduas batalhas e duas greves da categoria. Queremos, sim, que elas sejam alteradas. Mas para ampliar e consolidar ainda mais esses benefícios, que têm sido extremamente importantes não só para os trabalhadores, como para os empresários também", criticou.
Redução da jornada
Entre as cláusulas refutadas, está a diminuição da jornada de trabalho sem redução de salários. Uma das principais bandeiras da Campanha Salarial, a redução da carga horária é defendida em prol do bem-estar do trabalhador. Frequentemente lesionada, a categoria de TI sofre os impactos de uma rotina intensa e estressante. Com a diminuição, os trabalhadores têm a chance de investir em atividades de capacitação e lazer.
O tema foi amplamente debatido por especialistas durante o Seminário de Pauta desse ano. Com a pressão por resultados e o ritmo de trabalho acentuado, o profissional de TI está constantemente em risco relativo à saúde física e mental. Suscetível a desenvolver doenças como Lesão por Esforço Repetitivo (LER), tendinite e Distúrbio Osteomuscular Relacionado ao Trabalho (DORT), o trabalhador também pode apresentar alto nível de estresse. Além disso, por estar constantemente em desenvolvimento, a área de TI incorpora novas tecnologias de forma dinâmica e ininterrupta, e a realidade do setor exige a capacitação contínua de seus profissionais.
Em sua justificativa, o Seprosp afirmou que o momento atual do País torna insustentável o modelo de jornada proposto. Para Neto, é importante que o diálogo acerca das trinta horas mantenha-se aquecido, visando a evolução do setor e o bem-estar dos trabalhadores.
Abaixo vídeo da negociação: