O Centro de Inovações CSEM Brasil, instituição privada sem fins lucrativos com sede em Belo Horizonte, assinou com o Governo do Estado de Minas Gerais, por meio da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), um termo de cooperação técnica com aporte de R$ 7 milhões, com objetivo de investir num projeto pioneiro de eletrônica orgânica e impressa. O CSEM Brasil também assinou, junto com a Fapemig, um memorando de entendimento para cooperação científica com o Imperial College London, o principal centro de referência internacional no estudo e desenvolvimento desta tecnologia.
A eletrônica orgânica e impressa é uma tecnologia recente que conjuga novos materiais orgânicos com técnicas de impressão para produção de eletrônica de baixo custo. Dispositivos eletrônicos leves, flexíveis e baratos estão ocupando novos espaços de mercado e movimentam, hoje, cerca de R$ 5 bilhões – valor relativamente baixo, considerando o potencial de mercado mundial, estimado, para o fim desta década, em R$ 100 bilhões. Somente o mercado nacional tem perspectiva de movimentar, em 2015, R$ 800 milhões. Entre as diversas aplicações da tecnologia, destacam-se dispositivos inteligentes (como sensores e teclados flexíveis), células fotovoltaicas (para geração de energia limpa), displays e painéis de iluminação. Empresas como GE, Samsung, Philips e Apple, entre outras, já possuem soluções baseadas nesta tecnologia.
"Juntamente com o Governo de Minas, enxergamos o potencial da tecnologia para o Estado e para o Brasil, iniciando os investimentos ainda em tempo de nos beneficiarmos deste mercado nos próximos anos. O CSEM Brasil está preparado para concretizar este desafio, pois desenvolvemos tecnologias de ponta focando no mercado e alinhados com governos, empresas e os principais centros de pesquisa no país e no mundo", destaca o CEO do CSEM Brasil, Tiago Maranhão Alves. Fundado pelo CSEM S.A. (Centre Suisse d'Electronique et Microtechnique) da Suíça e FIR Capital, com o apoio do Governo de Minas Gerais e, mais recentemente, do BNDES, o CSEM Brasil objetiva transformar nano e microtecnologias avançadas em produtos, processos e empresas inovadoras, operando como ponte entre a ciência e a indústria, e entre o Brasil e centros mundiais de excelência em tecnologia aplicada.
Para o diretor do Centro de Eletrônica Orgânica e Impressa (CPE) do Imperial College London, professor Donal Bradley, "o Estado de Minas Gerais demonstrou ser visionário ao decidir investir em tecnologias novas e emergentes, capazes de acelerar o desenvolvimento econômico". Segundo ele, este modelo de parceria com o setor privado e centros de excelência no Brasil e no mundo é um mecanismo valioso para produzir de forma eficiente resultados substanciais. "Eu e meus colegas do Centro de Eletrônica Orgânica e Impressa do Imperial College London estamos muito satisfeitos em participar desta iniciativa", disse.
Bradley é um dos físicos mais citados no mundo e um dos pesquisadores mais renomados em tecnologia orgânica e impressa. Ele é co-inventor da eletroluminescência de polímeros conjugados, co-fundador da Cambridge Display Technology, co-fundador da Molecular Vision, membro do C-Change (UK) LLP e diretor da Solar Press, com mais de vinte famílias de patentes em seu nome. O acordo com o Imperial College London prevê iniciativas conjuntas de pesquisa, treinamento e desenvolvimento, considerando intercâmbio de pesquisadores e estudantes, participação em cursos, seminários e workshops.
No Brasil, o CSEM é parceiro do Instituto Nacional de Eletrônica Orgânica (INEO), liderado pelo professor e pesquisador Roberto Mendonça Faria. O INEO conta com a participação de várias instituições de referência no Brasil, muitas delas em Minas Gerais. O professor Alfredo Gontijo, do Departamento de Física da UFMG, e presidente da Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais (CETEC), também tem papel fundamental na articulação e coordenação do esforço.
Novas aplicações
A tecnologia de eletrônica orgânica e impressa é baseada em materiais semicondutores orgânicos e abre possibilidades para novos dispositivos eletrônicos de baixo custo, como painéis fotovoltaicos flexíveis, capazes de levar com mais economia a energia elétrica a localidades remotas no país; biossensores que podem indicar, com uma gota de sangue e diagnóstico imediato, a incidência de doenças como a dengue; e tickets inteligentes para embalagens, segurança pública, transporte e grandes eventos, como a Copa do Mundo de 2014, com identificação por radiofrequência mais barata. Etiquetas inteligentes como essas podem ser também aplicadas na verificação da qualidade, origem e autenticidade de medicamentos, alimentos e outros produtos.
"A eletrônica orgânica e impressa é uma tecnologia recente e, por isso, não necessita ainda, como é o caso da indústria do silício, de investimentos da ordem de bilhões para ser desenvolvida de forma competitiva. Significa, portanto, uma grande oportunidade para o Brasil se destacar no cenário tecnológico internacional, com a consequente geração de novos produtos e empresas", afirma o presidente do Conselho do CSEM Brasil e fundador da FIR Capital, Guilherme Emrich. "A implantação desta nova plataforma tecnológica levará à criação de toda uma nova cadeia de valor e de novos processos de produção", completa.
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