A escassez de profissionais qualificados em tecnologia tem acelerado a tendência das empresas em adquirir inovações no modelo de serviços, de acordo com o estudo IT Trends Snapshot 2023, da Logicalis. O levantamento, que está em sua oitava edição e aponta as tendências tecnológicas do mercado brasileiro, ouviu 123 executivos da área de tecnologia da informação (TI) no país e revelou que 94% dos respondentes afirmam ter sofrido com essa falta de recursos humanos no setor.
Procurando alternativas para a continuidade dos negócios, as companhias brasileiras implementaram, ou pretendem adotar, nos próximos 12 meses, ações como a ampliação da contratação de tecnologia como serviços (82%), o desenvolvimento de programas internos de formação (73%), a revisão de políticas de contratação, salários, benefícios e horários de trabalho (72%) e a readequação do ambiente de trabalho e/ou políticas de home office. Para 83%, esse cenário de escassez de mão-de-obra é persistente e não se resolverá rapidamente.
"O desafio de contratação de profissionais qualificados não é exclusivo do setor de TI, mas torna-se acentuado na medida que esse segmento convive com atualizações mais frequentes e complexas. E quando levamos em consideração que a tecnologia é, cada vez mais, parte inseparável da estratégia das empresas, a importância do assunto sai das fronteiras do departamento de TI e impacta a sustentabilidade das organizações como um todo", destaca Yassuki Takano, diretor de Consultoria da Logicalis. "Nesse contexto, as organizações estão avaliando a possibilidade de manter um núcleo de gestão de tecnologia e estabelecer parcerias com corporações que forneçam as soluções e processos como serviços."
Transformação digital como prioridade de negócios
Outro destaque da pesquisa é a importância que a transformação digital vem ganhando na agenda de objetivos estratégicos das organizações. Quando perguntados sobre as prioridades de negócios de suas empresas, o desenvolvimento da jornada de transformação digital aparece em terceiro lugar, apontado por 37% dos respondentes. O primeiro e segundo lugares são, respectivamente, o aumento de eficiência operacional (54%) e a otimização e transformação de processos (48%). Apesar de não serem diretamente relacionados a TI, são tópicos que podem se beneficiar fortemente de sistemas e automação, por exemplo. A tecnologia, direta ou indiretamente, ocupou seu lugar na estratégia das organizações.
Um mundo mais seguro, mas com menos liberdade
A preocupação com a segurança da informação vem aumentando: nas últimas três edições do estudo, o percentual de citação do tema como prioridade dos CIOs foi de 45% para 53% e, depois, para 58%. A busca por ambientes de negócios mais protegido tecnologicamente parece trazer como efeito colateral uma maior necessidade de controle. Quando questionados sobre a tomada de decisão entre ambientes com maior liberdade ou maior controle, 75% dos executivos têm escolhido controle, contra 25% que optam por liberdade. Na edição passada, essa proporção era de 71% e 29%, respectivamente, e na edição retrasada, 53% e 47%.
A nuvem é uma realidade, mas sua gestão ainda é um desafio
A computação em nuvem é uma realidade. 5% das empresas respondentes são cloud native ou cloud first, ou seja, baseiam sua estratégia tecnológica no uso do cloud computing. Além disso, 26% já executaram parte relevante ou a totalidade da migração para a nuvem — com equipe e processo de governança que permitem melhoria contínua — e 19% têm um plano estruturado de migração e já executaram parte relevante do movimento para a nuvem.
Por outro lado, práticas de cloud, como monitoramento financeiro dos custos, planejamento financeiro para contratação e uso de serviços, desenvolvimento de centros de excelência para capacitação em tecnologia de nuvem e o uso de ferramentas para gestão dos serviços de cloud, têm sido adotadas por menos de 40% das empresas. "O desafio tecnológico da migração parece que vem sendo superado. Já a gestão eficiente desses serviços ainda parece estar longe de ser realidade", afirma Takano.
Pós-pandemia
O IT Trends Snapshot 2023 traz ainda o panorama pós-pandemia dos ambientes de trabalho. Em 55% das empresas respondentes mais de 80% dos colaboradores voltaram a trabalhar no escritório físico. Em 18%, foi adotado modelo híbrido com presença no escritório em pelo menos três dias da semana. Em 15%, os profissionais devem trabalhar presencialmente pelo menos um dia da semana. Em 9% das empresas foi adotado o modelo híbrido, porém sem obrigatoriedade de presença no escritório físico.
Para 65% dos respondentes o modelo híbrido veio para ficar e 44% acreditam que o ambiente de trabalho passará por uma ressignificação, com necessidade de adequação de infraestrutura para conciliar o trabalho presencial e remoto simultaneamente.