Nos últimos anos, os provedores regionais de internet têm ganhado protagonismo no Brasil, assumindo um papel fundamental na ampliação do acesso à conectividade em áreas urbanas e rurais.
De acordo com a pesquisa TIC Domicílios do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), entre 2022 e 2023 o percentual de residências conectadas à internet passou de 80% para 84%.
Nesse mesmo sentido, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) também apontou que, em 2023, as áreas rurais registraram avanço significativo no acesso à internet, passando de 78,1% para 81,0%, refletindo uma gradual redução na desigualdade em relação às zonas urbanas.
Esse avanço foi impulsionado, em grande parte, pelos provedores regionais de internet, que dominam mais de 5 mil cidades no Brasil, segundo estudo da Teleco divulgado pelo Telesíntese. Em 1.041 cidades, a participação dos ISPs regionais ultrapassa 80%, destacando a importância dessas empresas na democratização da conectividade no país.
Além disso, a Conexis Brasil Digital revelou que o mercado de banda larga no Brasil atingiu um crescimento de 1,9% em receita e 6% no número de assinantes em 2023. Esses números evidenciam o potencial do setor e a relevância crescente da internet para a população brasileira.
Contudo, apesar do cenário otimista, para sustentar esse avanço e manter a competitividade, é essencial que os ISPs enfrentem uma série de desafios relacionados à infraestrutura e à gestão operacional do negócio.
Desafios para a expansão dos provedores de internet
Apesar do desempenho promissor, os provedores regionais enfrentam desafios importantes para sustentar esse crescimento. Um dos principais desafios é a necessidade de investir em infraestrutura de ponta, como redes de fibra óptica e soluções avançadas, incluindo tecnologias 5G, que podem movimentar mais de US$ 25 bilhões no Brasil até o fim do ano, segundo projeção da IDC.
No entanto, esses investimentos demandam uma alta capacidade, que muitas vezes estão além do orçamento dos ISPs, um cenário que torna o acesso a crédito um caminho crucial na jornada dos provedores independentes.
Com linhas de financiamento adequadas, os provedores podem planejar a expansão de suas redes de forma estruturada, ampliando a capacidade de atendimento e a qualidade da banda oferecida.
Empresas que conseguem acesso a recursos financeiros, portanto, têm mais oportunidades de transformar suas operações, adotando inovações tecnológicas e atraindo novos clientes. Essa estratégia melhora a qualidade dos serviços oferecidos e impulsiona a competitividade do provedor, acelerando um ciclo sustentável de crescimento.
A importância de ferramentas de gestão eficientes
Com o aumento da base de clientes e a diversificação dos serviços oferecidos – dos SVAs (Serviços de Valor Agregado) como os planos de streaming aos próprios pacotes de internet banda larga –, contar com uma gestão eficaz tornou-se um fator determinante para o sucesso dos ISPs.
Nesse contexto, a adoção de sistemas de gestão empresarial (ERPs) aparece como um diferencial competitivo indispensável.
Um ERP unifica processos como controle de estoque, gestão de contratos, relacionamento com clientes e supervisão técnica. Isso permite que os provedores otimizem suas operações, reduzam desperdícios e aprimorem a experiência do consumidor.
É válido frisar, nesse sentido, sistemas de gestão que, hoje, atendem as demandas específicas de um ISP, contando com integrações ágeis e módulos como os de CRM (permitindo uma gestão detalhada do fluxo de vendas e da base de clientes dos provedores), gestão de atendimento (com workflow e controle das atividades de suas equipes) e gestão de estoque integrada que permite um gerenciamento centralizado de múltiplos armazéns e centros de distribuição.
Além disso, a automação de tarefas administrativas e operacionais libera tempo e recursos para que as empresas se concentrem em áreas estratégicas, como inovação e atendimento ao cliente.
Dado o cenário de evolução tecnológica acelerada e aumento da demanda por serviços de internet – devido, dentre outros pontos, ao aumento do consumo de streamings, do avanço dos modelos de trabalho híbrido e home office no Brasil e da expansão do ensino EaD – os provedores que não investirem em sistemas de gestão correm o risco de perder mercado. Por outro lado, aqueles que adotarem essas ferramentas garantirão maior eficiência e escalabilidade para suas operações.
E, de modo positivo, o mercado já conta, hoje, com sistemas específicos para o controle e otimização dos processos operacionais dos ISPs e que se adequam, inclusive, à capacidade de investimentos em digitalização dos provedores.
Oportunidades para o futuro dos ISPs
O mercado de provedores regionais no Brasil apresenta um grande potencial de expansão. Com a crescente demanda por internet de alta velocidade, especialmente em regiões rurais, essas empresas têm a oportunidade de liderar a inclusão digital no país.
Para aproveitar plenamente esse potencial, é fundamental que os ISPs consigam combinar investimentos em infraestrutura e a adoção de uma gestão de negócio eficiente, apoiada por ferramentas robustas.
Os provedores regionais já demonstraram sua capacidade de inovar e atender a regiões que antes não eram alcançadas pelas grandes operadoras. Com o suporte necessário, eles podem continuar desempenhando um papel crucial na transformação digital, promovendo a inclusão e o desenvolvimento econômico em escala nacional.
Dado o panorama atual, é possível observar que o avanço dos provedores regionais não é apenas uma tendência de mercado, mas um movimento estratégico para a inclusão digital e o desenvolvimento econômico do país, dentro de um contexto em que, cada vez mais, a população do país depende de uma conexão de qualidade para consumir conteúdo relevante, se informar, divertir-se, estudar e para a jornada de suas carreiras.
Em outras palavras: na medida que o mercado de internet banda larga continua em expansão, os provedores regionais têm a oportunidade de se consolidar como protagonistas da transformação digital no Brasil.
Mara Scarpini, CEO da MK Solutions.