Um relatório divulgado pelo U.S. Bureau of Labor Statistcs reacendeu o debate sobre a necessidade de automação nas indústrias. Pela primeira vez na história, o número de postos de trabalho superou a quantidade de trabalhadores capacitados para preencherem as vagas, o que acarreta uma significativa perda de produtividade.
A crise é mais latente na área de soldagem – que, quando somada a área mecânica, responde por cerca de 50% das vagas na manufatura do país. Os principais entraves residem na pouca qualificação somada à avançada idade média dos trabalhadores (55 anos), o que criará um gap ainda maior nos próximos dez anos. Segundo pesquisa da Society of Manufacturing Engineers (SME) and the National Association of Manufacturers (NAM), 89% das empresas no país relatam dificuldade em encontrar mão de obra qualificada.
Além de Estados Unidos, Canadá e países da Europa, esse contexto também é uma realidade no Brasil que sofre com a falta de qualificação da mão-de-obra, sobretudo longe dos grandes centros. "Ensinar uma pessoa a soldar é caro e leva muito tempo até que se atinja uma qualidade satisfatória. Somente alguns grandes centros possuem escolas técnicas com essa estrutura, então as empresas são obrigadas a assumir a responsabilidade de treinar seus funcionários e arcar com esses custos. Fora dos grandes centros, existe uma enorme dificuldade em contratar esses profissionais", explica Marcio Mininel, gerente geral da Cobots Automação e especialista em soldagem robotizada.
De acordo com Miniel, em indústrias do Rio Grande do Sul, por exemplo, onde a agroindústria é bem pulverizada, empresas fabricantes de pequenos tratores e implementos agrícolas do interior do estado não conseguem atrair soldadores devido aos salários menores e por isso são obrigados a treinar novos soldadores. No entanto, quando estes ficam experientes e qualificados, acabam migrando para os grandes centros em busca de melhores condições salariais e deixam os empresários sem soldadores.
Cobots podem transformar o mercado
A solução para o problema passa pela automação, é uma saída é a implantação de cobots, ou seja, robôs colaborativos. "Graças a uma interface de programação intuitiva e inovadora, os cobots da permitem a rápida programação para uma enorme quantidade de pequenos lotes de produção, o que levaria muito mais tempo com robótica convencional e possível razão para que processos de solda de baixo volume e alto mix seja em grande parte dos casos feita manualmente. Portanto a robótica colaborativa chega para preencher uma lacuna técnica e de mão de obra nos processos de soldagem também no Brasil", afirma Denis Pineda, gerente regional no Brasil da Universal Robots, primeira empresa a desenvolver um braço robótico comercialmente viável e uma das líderes de mercado no mundo.
Os robôs colaborativos oferecem os mesmos benefícios que os tradicionais robótica: assumir o controle em trabalhos perigosos repetitivos para soldadores e demais profissionais qualificados podem se concentrar em processos de maior valor agregado, melhorando a qualidade do produto, aumentando a produtividade e reduzindo impactos sociais do desemprego, uma vez que um cobot sempre vai precisar de operadores humanos.
Para Fábio Augusto D'Aquino, diretor geral da Binzel, uma das referências do setor, a inserção dos robôs colaborativos em larga escala ainda depende de uma maior clareza no que diz respeito às normas de segurança.
"A desmistificação dos cobots tem favorecido o entendimento de como este novo conceito pode atuar em meio a humanos, mas as normas de segurança não podem ser um impeditivo. O maior desafio a curto prazo é entender melhor as regras de segurança para aplicação de cobots na solda, não considerando integralmente as que já existem para robôs de grande porte", diz.