A importância de monitorar e compreender o desempenho dos sistemas e aplicativos é um fator crucial para garantir confiabilidade e a eficiência para impulsionar operações e oferecer serviços inovadores. Anteriormente ao conceito de observablidade, as empresas contavam com o APM – Application Performance Monitoring (Monitoramento da Performance da Aplicação) – e os sistemas eram mais simples: um servidor e um banco de dados formavam um ecossistema de tecnologia de uma companhia. Com a chegada da camada web e, mais tarde, dos serviços em nuvem, as aplicações tiveram de ser reinventadas para acompanhar essa evolução e ficaram distribuídas nos Kubernetes (contêineres), já não dependendo mais de um servidor.
Nesse contexto, a observabilidade ganha holofotes, proporcionando visibilidade aos negócios e insights valiosos sobre o comportamento das aplicações, o que contribui para a tomada de decisão com base nas transações que estão ocorrendo nos ambientes operacionais.
Uma das chaves para uma observabilidade eficaz é a coleta e análise de dados relevantes em tempo real, com base em seus três pilares – métricas, aquelas coletadas dos ambientes que estão sendo monitorados; traces, as linhas de código; e logs, a linguagem de máquina capaz de fazer predições. Ainda, a ajuda da IA possibilita analisar tudo o que é coletado das métricas customizadas, aplicações e logs, a rastreabilidade de eventos e a identificação ágil de possíveis problemas. Com isso, as empresas começaram a olhar com outros olhos e a fazer investimentos nessa área.
Hoje, usamos os smartphones para, por exemplo, fazer uma consulta de saldo no banco, efetuar um Pix ou fazer uma compra no e-commerce. A camada de observabilidade monitora essas transações e a performance, acompanhando o usuário nessa jornada digital. E por meio dos insights fornecidos por ela, sabemos qual a receita gerada naquele momento, quais são os produtos ou serviços que mais geram acesso em real time, quem são os meus usuários.
Para empresas
Há uma série de fatores que impactam se as organizações não adotam a abordagem da observabilidade. Na nova economia, empresas fazem centenas de mudanças nos softwares, a cada minuto e isso é comum. Dormimos e acordamos com uma nova versão do WhatsApp e isso é constante e dinâmico.
A atualização de um aplicativo de carro, por exemplo, pode afetar os usuários de um determinado modelo de smartphone da região de São Paulo. Como saber que uma mudança feita na aplicação para melhorar a experiência do cliente e entregar um serviço melhor, está impactando aquele nicho? Com a observabilidade, as organizações podem obter uma compreensão abrangente do impacto em suas operações tecnológicas.
Nesse sentido, empresas que adotam uma abordagem proativa ganham uma vantagem competitiva significativa. Setores como o financeiro e o varejista foram os primeiros a adotarem a observabilidade e chegaram à sua maturidade, principalmente no contexto da pandemia, provocando uma aceleração da transformação digital.
Aquelas que não deram atenção para a observabilidade no passado, agora estão olhando para o tema como algo estratégico, investindo de maneira inteligente em ferramentas, processos e treinamento. São companhias de todos os segmentos, desde indústria, serviços, healthcare, seguros, que precisam dela para as decisões de negócios e competitividade no mercado. Investimento em observabilidade é mais do que um custo: é um recurso para blindar a marca, vender mais, ter confiabilidade, ampliar o market share e reter clientes.
Performance
De um modo geral, com a observabilidade, vemos muito o que é a performance no ambiente de infraestrutura, de aplicações e serviços, além de os aplicativos serem mais performáticos e mais confiáveis para a velocidade no acesso dos usuários.
Um estudo da Provokers para o Google revela que o cliente abandona marcas que não atendem em três segundos no celular. Isso se aplica ao dia a dia, como acessar um conteúdo de streaming, por exemplo. Se o catálogo demorar para carregar, o usuário vai fechar e escolher uma próxima opção. Outro exemplo é o carrinho de compra numa Black Friday: se há lentidão na transação, ele desiste e parte para o site seguinte. A observabilidade poderia desempenhar um papel fundamental nesses dois exemplos, pois sem a abordagem, as empresas deixam de ter receita, perdem market share e ainda podem ter impacto negativo na marca.
A prática não só fortalece o ambiente empresarial, mas também, compreende o fluxo do usuário. Com a observabilidade é possível analisar a perspectiva do usuário. Uma companhia B2B, que realiza esse trabalho de monitoramento para outras empresas, além de aprimorar estrategicamente o processo de tomada de decisão nas operações tecnológicas, impacta na outra ponta do modelo de negócio: no consumidor final. É acompanhar o cliente do nosso cliente.
Uma das principais redes de farmácias do Brasil apresentava problemas no PDV – Ponto de Venda – com a indisponibilidade no sistema de caixa, gerando filas para o pagamento. Por meio da observabilidade, foi possível resolver esses problemas rapidamente, com agilidade operacional e garantindo o bom desempenho, o que se traduz em satisfação do cliente. O recurso também otimiza a vida das pessoas e traz benefícios de maneira geral para a população.
Segurança
Mas de que adianta ter a performance, monitorar e dar visibilidade sem segurança? Assim, a observabilidade acabou ganhando um novo pilar: o de segurança. Nos ambientes em cloud, por exemplo, é preciso ter segurança dentro do contexto da observabilidade, pois a nuvem traz uma série de vulnerabilidades, como em linhas de código, credenciais expostas e até uma porta aberta dentro de um servidor pode ser uma ameaça. A observabilidade traz ainda mais robustez às operações tecnológicas, unindo convergência e segurança.
Dessa maneira, a sinergia da segurança com a observabilidade dá o contexto 360º: o monitoramento e a visibilidade, do início ao fim da transação, desde quando se abre e até quando se fecha o app, ao finalizar a jornada.
Outros setores
A observabilidade também pode reforçar a competitividade em outras áreas do negócio. Um exemplo é o de uma empresa de meio de pagamento, no qual a observabilidade foi estendida para o marketing. Se o usuário tentava fazer um pagamento e não conseguisse por algum motivo, uma pessoa da equipe de marketing recebia aquele comunicado e entrava em contato com ele para finalizar a compra, seja via WhatsApp ou telefone. Essa empresa reteve o cliente em real time e não o deixou ir para a concorrência, graças a essa proatividade que a solução traz.
Hoje, o time de DevSecOps cuida desde a esteira de desenvolvimento, monitorando se a aplicação está segura, se tem qualidade e se vai ter performance para o usuário final. São as três áreas olhando para um contexto só: o desenvolvimento seguro e com qualidade; a segurança dentro de todo esse perímetro; e a operação, para acompanhar o dia a dia daquela aplicação, daquele sistema, daquele app.
A observabilidade é um item fundamental para inovar e prosperar no futuro e para o crescimento e sucesso dos negócios, acelerando a transformação digital das empresas e dando confiabilidade ao serviço ou produto que ofertam ao consumidor final.
Alex Camargo, CTO da Delfia.
