Ninguém mais tem dúvida que Cloud Computing é o futuro da computação. Entretanto, o caminho para nuvem não é simples e parece um caminho sem volta.
Até pouco tempo atrás, o mantra das grandes empresas era "mobile first", em que os desenvolvedores, equipe de produtos e negócios tinham que adaptar seu business para o mundo mobile. Esse movimento começou logo após o lançamento do iPhone, há 10 anos, quando os demais fabricantes tiveram que correr atrás para não perder o mercado para Apple. O Google deu um grande empurrão com o lançamento do Android. Quase na mesma época, a Amazon começou a se aventurar no mundo de cloud, com o lançamento da AWS. Alguns anos mais tarde, o novo mantra mudou para "cloud first" e até mesmo "cloud only".
No Google I/O deste ano, Sundar Pichai (CEO) anunciou que a empresa estava mudando o foco de mobile first para AI First (Artificial Intelligence First). Muito mais do que o cloud pode oferecer em termos de infraestrutura e facilidade no desenvolvimento e gestão de software, o cloud permite usar um grande poder computacional, deixando acessível o uso de aprendizado automático, chamado de machine learning (ML), e o uso de inteligência artificial (AI).
No início de agosto, no evento Microsoft Inspire, Satya Nadella (CEO) falou bastante sobre Intelligent Cloud e Intelligent Edge na transformação digital – um mercado de US$4,5 trilhões de dólares usando muito Cloud, tecnologia cognitiva, inteligência artificial e machine learning.
Todas estas mudanças estão definindo o futuro da computação e terá impacto nos novos produtos e modelos de negócio.
Por trás de tudo isso, está o velho (não tão velho assim) cloud computing. Ele dá sustentação e permite esse salto tecnológico que estamos vivenciando.
No processo de transformação digital, normalmente as empresas vão para cloud em 3 ondas: começam a usar cloud público para aplicações e sistemas periféricos e sem grande importância ou sem dependência do core da empresa. A segunda onda acontece quando as empresas, já com um pouco mais de conhecimento de cloud, começam a fazer sistemas mais crítico e complexos na nuvem. A terceira e última etapa, acontece quando a empresa decide migrar todo legado para nuvem, abrindo mão da forma tradicional de desenvolvimento e operações.
A primeira grande dúvida das empresas é a utilização do cloud público ou cloud privado e, como consequência, surgiu o cloud hibrido. Basicamente, a cloud privada é uma infraestrutura exclusiva da empresa, em seu próprio datacenter, para facilitar e agilizar os processos internos. Assim, funciona sem todas as paranoias de uma cloud pública, em que a infraestrutura física é gerenciada por terceiros e compartilhada com outras empresas. E ainda: a cloud privada pode ser a forma menos cara de nuvem para quem já tem datacenter, máquinas amortizadas ou já fez investimento em CAPEX.
Particularmente, acredito que o futuro será cloud público e a separação entre o público e o privado se dará por camadas de segurança e restrições. Mas, ainda vai levar muito tempo para isso acontecer de fato, por questões de compliance e de cultura organizacional.
Roosevelt Nascimento, gerente geral de produtos digitais do UOL.