Um levantamento realizado pela Triven, empresa que atua com serviços de backoffice para o setor de tecnologia e inovação, indica que as startups estão mais otimistas em relação ao futuro.
Conforme a pesquisa, 26,3% dos entrevistados afirmaram que não precisarão fazer novos cortes, embora vejam com cautela o momento vivido pelo setor. Já 15,8% também não farão novos cortes, mas acreditam que vão crescer em 2023; outros 15,8% dos respondentes afirmaram que precisarão fazer cortes ainda neste ano. Do total de participantes, 42,1% disseram não ter realizado cortes na empresa no último ano.
Figura 1
"Fizemos esse levantamento com o intuito de ter alguns parâmetros de como as startups passaram pelo momento mais crítico e como percebem o cenário atual. Acredito que os resultados nos dão um indicativo de algo que acredito: o setor vive uma virada de ciclo e um processo de amadurecimento que pode ser muito positivo, no sentido de que as startups evoluem em gestão, em especial de recursos", comenta Fernando Trota, CEO da Triven.
Entre as que fizeram adequações no último ano, as startups indicaram a reavaliação do planejamento do negócio (47,4%). Em segundo lugar aparecem a redução de contratos com fornecedores e a redução em investimentos de infraestrutura da empresa, ambas com 21,1%, seguidas de redução de pessoal (18,4%) e mudanças nos produtos ou serviços oferecidos pela empresa (18,4%). Outros 5,3% dos respondentes precisaram reduzir benefícios. Cerca de 55% dos participantes disseram que não foi necessário fazer adequação em função da redução do volume de aportes de venture capital.
Segundo Fernando, o setor de inovação brasileiro está retomando a essência do venture, com o foco em negócios disruptivos, inovadores e com propósito. "O venture capital vai continuar existindo, mas com investidores mais exigentes e com um olhar mais atento ao planejamento dos negócios. Nesse sentido, sairão na frente as startups que olharem para fatores como a organização e o planejamento financeiros", acrescenta. "Apesar de ter como base uma amostra pequena, a pesquisa é importante porque consegue aventar como o mercado de startups deve se comportar daqui por diante", completa.
O levantamento da Triven teve 38 startups participantes, de setores como edtechs, fintechs, construtechs, e healthtechs, entre outros. A pesquisa contou com participantes de São Paulo, Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Alagoas e Distrito Federal.
Amadurecimento do mercado
O CEO da Triven, empresa que já apoiou aproximadamente 100 startups em processos de M&A e captação, afirma que as mudanças ocorridas no setor de tecnologia vieram para ficar, ou seja, a disponibilidade de recursos não deve retornar ao patamar de 2021.
Para ele, o setor vive um momento de reavaliação de rotas. "As startups estão revendo planejamentos, criando novos cenários, sendo mais criteriosas para tomadas de decisão, procurando ser mais 'ambidestras' em seus modelos de negócio. Operações de M&A estão ganhando relevância e fusões e consolidações têm sido um caminho para ganho de velocidade ou até mesmo para que se mantenham relevantes", analisa.
Para Fernando, esse é um momento de amadurecimento do mercado, uma seleção natural de bons negócios, na qual se perpetuam as melhores entre as melhores. "Existe um provérbio chinês que diz: 'lembre-se de cavar o poço bem antes de sentir sede'. Acho que as startups acordaram para esse momento", complementa.