Estudo patrocinado pela Cisco Systems e divulgado nesta quarta-feira (11/10) revela que, enquanto a maioria dos trabalhadores remotos diz ser consciente de possíveis riscos em questões de segurança, seu comportamento sugere algo diferente. Entre outras práticas, eles dividem o computador com pessoas que não são empregados da empresa, abrem correios eletrônicos desconhecidos e usam redes sem fio de vizinhos.
Desenvolvido para entender melhor como as percepções e o comportamento dos teletrabalhadores aumentam os riscos de segurança de rede e de organizações de TI, o estudo traz um perfil de profissionais de dez países, incluindo o Brasil e parte da América Latina.
Foram entrevistados entre junho e agosto de 2006, por uma empresa de pesquisa de mercado, usuários finais dos seguintes países: Alemanha, Austrália, Brasil, China, Estados Unidos, França, Índia, Itália, Japão e Reino Unido.
O estudo mostrou que tendências de comportamento e culturais desses profissionais desafiam as equipes de segurança em TI. À medida em que mais empregados trabalham fora dos escritórios tradicionais ? uma prática empresarial que melhora a produtividade ? podem aumentar os riscos em relação à segurança corporativa e pessoal, se não forem tomadas as medidas adequadas.
Os resultados da pesquisa indicam que, mesmo que trabalhem em casa, em uma cafeteria ou em um hotel, os teletrabalhadores agravam os problemas de segurança da rede, devido a um falso sentido de conscientização. Enquanto dois em cada três profissionais disseram ser conscientes em relação à segurança quando trabalham remotamente, muitos admitiram comportamentos que contradizem tal conscientização.
As justificativas oferecem informações valiosas para gerentes de TI e de segurança em todo o mundo, e ressaltam a necessidade dessas áreas se relacionarem de forma mais próxima e proativa com o usuário final.
?Acessar redes sem fio de vizinhos ou dividir equipamentos de trabalho com pessoas que não são funcionários da mesma companhia são riscos significativos para a comunidade global de IT?, diz Gastón Tanoira, gerente de soluções de segurança da Cisco Systems América Latina.
Segundo ele, o comportamento inseguro dos trabalhadores remotos pode fazer cair uma rede ou comprometer informações corporativas e identidade pessoal. ?Para grandes empresas, especialmente aquelas com uma força de trabalho global e de diferentes culturas empresariais, o risco potencial é ainda mais desafiante?, completa.
Os desafios expostos pelos trabalhadores remotos apresentam uma oportunidade para que as empresas sejam cada vez mais proativas na proteção de seus negócios, reformulando essa questão aos olhos dos usuários finais. ?TI deve ter um papel mais estratégico, e para isso deve desenvolver relações mais fortes com os usuários para prevenir ameaças e danos à eficiência e às identidades pessoais?, diz Tanoira.
Segundo ele, o estudo ilustra uma oportunidade para elevar o papel da TI a uma função reativa e de back-office. TI tem a oportunidade de ser progressiva, de manter um diálogo com os usuários, implementar programas de educação enfocados em diferentes culturas empresariais e grupos de usuários, e de envolver melhores práticas de segurança em culturas corporativas. "Conduzir essa mudança cultural pode ajudar a maximizar o valor e a segurança do teletrabalho, especialmente em um momento em que a mobilidade do empregado é vital?, diz Tanoira.
A seguir, alguns exemplos revelados no estudo:
Compartilhar dispositivos corporativos com pessoas que não trabalham na mesma companhia.
? Mais de um em cada cinco trabalhadores remotos entrevistados (21%) permite que amigos, familiares e outras pessoas usem seus computadores de trabalho para acessar a internet. No Brasil, especificamente, 27% dos entrevistados admitiram dividir seus computadores. A China foi o país com maior porcentagem nessa prática: 42%.
? Razões principais: Não vejo nada de errado. Minha companhia não se importa se eu faço isso; não acho que o fato de emprestar meu PC incremente o risco de segurança; meus colegas também fazem isso.
Acessar redes sem fio de vizinhos
? No Brasil, assim como na China e Itália, cerca de um em cinco trabalhadores remotos admitiu que acessa redes sem fio de vizinhos quando trabalha em casa. A porcentagem global foi de 11%, porém, em alguns países essa média foi maior, entre eles, Brasil (19%), China (19%), Itália (18%), Alemanha (15%) e Estados Unidos (12%). Na Austrália, por outro lado, essa porcentagem é de apenas 4%.
? Razões principais: Precisava porque estava com afã; Não posso saber com certeza se estou usando minha própria conexão de Internet sem fio ou a de outra pessoa; Configurar minha própria rede sem fio é difícil e confuso; Meu vizinho não percebe, então não tem problema; É melhor que usar minha conexão de cabo.
Abrir correios eletrônicos suspeitos e documentos anexos
? Um em cada quatro trabalhadores remotos entrevistados (25%) admitiu abrir e-mails desconhecidos quando utiliza equipamentos de trabalho. No Brasil a porcentagem é a mesma, enquanto 38% admitem que os eliminam imediatamente, sem abri-los.
Uso pessoal
? Uma das contradições mais evidentes nos resultados do estudo diz respeito à atividade não-empresarial: só 29% dos entrevistados nos 10 países admitiram que usam seus PCs de trabalho para atividades pessoais. Entretanto, 40% (11% a mais) revelaram que usam seus PCs para realizar compras on-line. Esta diferença ocorreu em oito dos dez países (excluindo a China e a Índia). No Brasil, por exemplo, 32% disseram utilizar seu computador de trabalho para questões profissionais, mas 44% admitiram realizar compras on-line quando estão trabalhando remotamente.
? Razões principais: Minha companhia não se importa se eu fizer isso; Nunca faria muitas coisas se não fosse enquanto estou trabalhando; Fazer compras on-line não acarreta problemas de segurança; Acho que meu computador de trabalho é mais seguro que o de minha casa.