Djalma Petit*
Recentemente, foi divulgado mais um caso de fusão entre empresas brasileiras de TI: a união da Braxis, companhia paulista dedicada à prestação de serviços na plataforma SAP, e a competente baiana Unitech. As duas empresas que agora passam a operar sob a marca Braxis, se apresentando ao mercado como uma ?full provider service?, esperam ganhar musculatura para, inclusive, operar no mercado internacional com maiores chances.
O casamento Braxis-Unitech não chama a atenção isoladamente, mas como mais um em uma seqüência ao longo de 2006, sinalizando que fusões e aquisições (F&A) podem ter, finalmente, entrado na pauta dos empresários brasileiros de TI. A fusão entre empresas de TI, normalmente pequenos negócios dirigidos pelos seus fundadores, tem sido, no Brasil, um assunto relegado a segundo plano. Os controladores das empresas nacionais sempre preferiram ser donos de 100% de um ativo menor do que dividir a participação de um ativo maior com outros empresários. Controlar uma empresa completamente significa não prestar contas e não compartilhar decisões com ninguém. Ora, não é este um dos motivos principais que os empreendedores consideraram no momento de abrir uma empresa?
No entanto, um mercado cada mais competitivo no qual, sem dúvida, tamanho é documento, tem levado à revisão desta postura. Há, aparentemente, o início de uma mudança de cultura entre os comandantes de empresas nacionais de TI, que passam também a considerar F&A como alternativa ao crescimento em suas estratégias.
Outros fatores que têm influenciado esta mudança de posição dizem respeito à própria melhoria na gestão empresarial, que vem se profissionalizando. Não é por acaso que a Totvs, herdeira da Microsiga, uma das protagonistas de destaque quando se trata de F&A no Brasil, abriu recentemente seu capital na Bolsa de Valores com grande sucesso, provando aos investidores que dispõe de mecanismos sofisticados de gestão. Também não é por acaso que, no caso da fusão Braxis-Unitech, as empresas contam com profissionais ligados a bancos de investimentos em sua gestão.
Um desafio, em especial para os formuladores e implementadores de políticas públicas, é o de como oferecer às pequenas e médias empresas nacionais de TI instrumentos que as apóiem nos processos de F&A. Vale lembrar que consolidar o mercado nacional de TI, através de F&A, é uma das metas da política industrial, tecnológica e de comércio exterior do governo federal.
Em suma, questões não faltam: estamos realmente diante de uma tendência de mercado? Há uma mudança cultural em curso? As empresas estão realmente considerando que a consolidação é uma necessidade, seja para reunir, ?embaixo de um mesmo teto?, tecnologia, serviços, ou produtos complementares, seja para articular modelos de negócios e estratégias também complementares, ou seja, para ganhar market share? Os organismos de governo vão poder contribuir com este movimento? Com certeza, teremos que aguardar 2007 para saber as respostas.
* Djalma Petit é coordenador-adjunto da Softex (Associação para Promoção da Excelência do Software Brasileiro)