A preocupação com a conectividade ficou na segunda posição entre os principais fatores impeditivos para a adoção de tecnologias de computação em nuvem no Brasil. No ano passado, 32% dos executivos consultados pela Frost & Sullivan consideravam este um ponto de grande preocupação. Neste ano, o índice subiu para 59,5%, atrás apenas do percentual referente a questões de segurança (72,7%).
"O Brasil possui problemas muito graves de infraestrutura. A falta de conexão à internet em algumas regiões chega a ser inaceitável", afirma o analista da equipe de TIC da Frost & Sullivan, Fernando Belfort. "Quando comparamos o número de hotspots Wi-Fi, por exemplo, isso fica evidente: não chega a 1% do total disponível nos Estados Unidos e o país realmente precisa evoluir nesse ponto", argumenta.
Mesmo assim, as perspectivas para a computação em nuvem no país são promissoras. Neste ano, o mercado brasileiro de computação em nuvem deve movimentar US$ 174 milhões. Em 2013, o crescimento esperado pela consultoria é de 74%, somando US$ 302 milhões. “Pode parecer um número pequeno, mas as oportunidades são gigantes. O mercado brasileiro é muito desequilibrado, concentrando 55% gastos em hardware e apenas 15% em software e 30% em serviços”, expõe Belfort.
Em comparação com o contexto norte-americano, os números mostram um equilíbrio com 40% das despesas em serviços e 30% tanto em hardware como em software. Para o analista, as empresas brasileiras são prejudicadas pela cultura conservadora de alguns CIOs, que barram a contratação de serviços de cloud. “Infelizmente, muitos líderes ainda possuem a mentalidade de que, com a compra de hardware próprio, há maior controle sobre as informações da empresa. Isso não é verdade”, expõe.
Para Belfort, as melhores oportunidades no mercado de computação em nuvem no Brasil devem se concentrar na área de software como serviço (SaaS) e infraestrutura como serviço (IaaS). No ano que vem, 54% das companhias consultadas pela consultoria adotarão SaaS, enquanto 47% terão projetos de IaaS em vigência. “Nessa área, destaco Google, Microsoft, IBM, Locaweb e a Amazon Web Services, há um ano de atuação apenas no país, como as principais fornecedoras”, sublinha o especialista.
Big data
Entre as principais tendências para o mercado mundial de TI, a análise de volumes massivos de dados, o chamado big data, tido com menor ênfase quando comparado a computação em nuvem ou mobilidade. “No ano que vem, as perspectivas para esse segmento são positivas, especialmente em setores que lideram a adoção como varejo, telecomunicações e petróleo e gás”, destaca.
Segundo a Frost & Sullivan, o mercado de big data no país deve crescer a uma taxa anual composta (CAGR) de 25% nos próximos quatro anos, passando de US$ 153 milhões em 2012 para US$ 473 milhões em 2016. “É importante entender big data não como uma revolução tecnológica, mas como uma evolução de uma série de ferramentas de análise ao longo do tempo”, conclui.