Quando a maioria de nós pensa em inovação, muitas vezes associa o conceito a novos produtos ou tecnologias revolucionárias. No entanto, esta é uma visão limitada. Inovação é, acima de tudo, a capacidade de conceber, desenvolver e escalar não apenas produtos, mas também serviços, processos e modelos de negócio que atendam às necessidades dos clientes e criem valor significativo.
Mais do que uma simples busca por algo novo, inovar é um processo estruturado, que exige inspiração, disciplina e, principalmente, liderança estratégica. Afinal, sem um líder para guiar todo o processo, a área de inovação seria apenas um grupo de pessoas tentando ter grandes ideias.
Por esta razão, um dos grandes desafios de quem lidera a inovação é compreender que ela não é exclusivamente um ato criativo. Embora flashes de genialidade possam gerar ideias transformadoras, as inovações mais bem-sucedidas resultam de uma busca consciente e sistemática por oportunidades.
Liderar a inovação significa criar um ambiente que valorize tanto a criatividade quanto a estrutura. Isso envolve estabelecer processos claros, definir metas mensuráveis e acompanhar de perto os avanços. Além disso, líderes devem incentivar suas equipes a explorarem diferentes abordagens, permitir a experimentação e, ao mesmo tempo, manter o foco nos objetivos estratégicos da organização. A inovação, nesse contexto, deixa de ser uma atividade isolada e passa a ser integrada à cultura organizacional.
Muito além dos cargos criados para essa específica área, advogo por uma cultura de inovação integral, onde cada parte da companhia está envolta destes processos e possuí abertura para contribuir com reflexões pertinentes para o negócio.
Algo que aprendi e gosto de passar a frente em todos os ambientes em que estou integrado, é a máxima de que qualquer um é capaz de inovar, basta providenciarmos as ferramentas corretas.
Para Peter Drucker, escritor e pai da gestão moderna, grande parte das inovações nasce da análise metódica de fatores internos e externos, como mudanças demográficas, novas tecnologias ou falhas inesperadas, um conhecimento muito intrínseco a quem atua diariamente nas operações das organizações ou como parceiro destas (como os corretores de seguros).
Essas análises, muito valiosas, permitem identificarmos demandas não atendidas, ajustar processos e propor soluções que criem valor real para os negócios e para a sociedade.
Aprofundando os processos fundamentais de uma inovação de sucesso, outro aspecto fundamental é a capacidade de equilibrar inspiração e trabalho árduo. A inspiração pode surgir de uma análise detalhada das necessidades dos clientes, de mudanças no mercado ou até de falhas inesperadas, que revelam oportunidades ocultas. Porém, para transformar essa inspiração em inovação, é necessário esforço sistemático. É aqui que entra a "inspiração funcional": a habilidade de usar a imaginação para responder a desafios reais, com soluções práticas e escaláveis. No português mais direto, materializar a ideia.
Como comprovado por diversos estudo e análises da McKinsey & Company, inovar com sucesso requer muito mais do que boas ideias; é necessário alinhar inspiração com execução disciplinada. Aqui, mais uma vez, o papel da liderança é crucial.
Além disso, a inovação não deve correr no vazio. Ela depende de entender o "quem", o "o quê" e o "como". Quem é o cliente e qual problema precisa ser resolvido? A solução proposta é viável e convincente? E, por fim, como essa solução será monetizada? Responder a essas questões exige não apenas criatividade, mas também visão de mercado e um modelo de negócios sólido.
Em um mundo cada vez mais interconectado e dinâmico, as empresas têm a oportunidade – e a responsabilidade – de promover mudanças que ampliem seu potencial econômico e social. Isso exige coragem para abraçar o novo, disciplina para gerenciar processos complexos e, acima de tudo, liderança para inspirar e direcionar equipes.
Se tornar parte deste processo e liderá-lo é, enfim, uma oportunidade de moldar o futuro de negócios a partir de impacto real, duradouro e consciente.
José Loureiro, Diretor de Inovação, Digital e Dados do Grupo Bradesco Seguros.