Pode ser apenas novos aplicativos de cores, minimalismo, design ou fontes? Será uma avalanche de novos nomes e jargões como folksonomia, etnographia digital, flickr, del.icio.us, wikipedia, digg ou webblog? Ou um buzzword, novo modismo batizado de Web 2.0?
Para mim, é a coisa mais extraordinária, desde o advento da revolução industrial. Estamos vivendo e reescrevendo as novas tendências tecnológicas, econômicas e sociais, usando a Web 2.0 como o maior palco de participação e compartilhamento já visto na história da humanidade.
A mudança está intimamente ligada à forma como as pessoas passam a se relacionar com o mundo e, particularmente, com as marcas. É o momento de repensarmos direitos autorais, ética, privacidade, comércio, relações humanas e nós mesmos, os indivíduos digitais.
A Internet, em sua primeira onda, foi desbravada primeiramente pelos militares. Na segunda onda, foi escravizada pelos investidores de Wall Street e as grandes marcas globais. Os usuários eram simplesmente leitores e consumidores.
Na terceira onda – chamada de Web 2.0 – o poder está em nossas mãos, produzimos conteúdo e disponibilizamos na rede. Três verbos regem nossas mentes: produzir, receber e propagar.
Na Web 2.0, você avalia e comenta notícias, seleciona os assuntos de seu interesse, colabora na geração e alteração de conteúdo, participa de comunidade, classifica e indica os produtos. E isto é apenas o começo.
Ah, e você não sabe o porquê? Um bilhão de pessoas com acesso a Internet em todo mundo; dois bilhões de pessoas conectadas através de celulares; até o final de 2007, 50% das pessoas conectadas utilizarão banda larga; e-Bay negociou 8 bilhões de dólares em 2006. O que você esta fazendo sobre isto?
Jean Paul Sartre, o célebre filósofo francês escreveu nos meados do século passado: "As pessoas lêem, porque um dia desejarão escrever." Nunca uma profecia foi tão real. Um Blog e meio criado a cada segundo, ou seja, 50 milhões de Blogs inventados no último quadrimestre de 2006.
Sempre fizeram as pessoas lerem e agora elas querem escrever em Blogs, enquetes, em listas de discussões. Todo mundo quer alguns minutos de fama. A Internet ofereceu este grande palco para que o arquiteto vire um escritor, o advogado se torne um jornalista. O cliente quer contar histórias e experiências através do palco, carinhosamente chamado de Web 2.0.
A Web 2.0 é muito mais do que novas interfaces ou aplicativos digitais, quanto mais rápida a conexão, mais pessoas colocam conteúdo na rede, o mundo digital está de fato em duas vias.
Cada vez mais os clientes interagem digitalmente, criando databases cada vez mais complexos e robustos. Os aplicativos são mais inteligentes, mais baratos e fáceis para que cada vez mais pessoas o utilizem. As bases de clientes são globais e com crescimento constante. Os clientes não estão apenas conectados a qualquer hora e qualquer lugar, estão engajados e produzindo conteúdo sobre sua empresa; eles desejam ser voluntários escrevendo sobre seu site ou seu produto.
Micro-mercados estão sendo construídos! No Brasil, já são 22 milhões de PC conectados, alcançando 40 milhões de internautas, isso sem falar dos Cybercafés nas periferias das grandes cidades. Entendeu? A audiência não é micro. Já pensou em abrir uma filatélica digital ou uma locadora virtual?
As empresas têm que se preparar para isso, tendo em mente que a Internet foi feita para rir e para chorar. Há os momentos nos quais falarão mal de nós, O Rei está nu!
O maior risco hoje é não correr riscos. O negócio da Internet não é o maior comendo o menor, mas sim o mais rápido deixando o mais lento para trás.
Faço um paralelo entre Internet e Artes Plásticas: ninguém lembra do Segundo artista mais famoso do cubismo ou do surrealismo, você lembra do Salvador Dali e do Picasso, essa é a má notícia.
A boa notícia é que tem um caminhão de coisas a serem feitas, porque a cybercultura é uma cidade gigantesca, uma megalópole sem poluição e com todas as ruas ainda sem nome, então cada pessoa ainda pode colocar seu nome em uma rua.
Está tudo em beta! Tudo sendo construído. O que você fará sobre isso?
A Revolução não é toda história, mas é uma grande história. Onde não podemos usar velhos mapas, para descobrir novas terras.
*Gil Giardelli, diretor geral da Permission
* Palestrantes da 1ª Conferência WEB 2.0,da Converge Eventos